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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Falta de saneamento e higiene interna 1300 pessoas por dia

Doenças infecciosas intestinais seriam menos frequentes se fossem seguidas regras simples de higiene e cuidado Diarreias, infecções alimentares, viroses, verminoses e outras doenças infecciosas intestinais foram responsáveis por 1.391.429 internações no Sistema Único de Saúde nos últimos três anos, o equivalente a 1.369 pessoas por dia. Os dados são resultados do levantamento feito pelo iG Saúde no banco virtual do Ministério da Saúde. A maioria das doenças tem causa e consequência conhecidas, e muitas das infecções que atacam o intestino poderiam ser evitadas. "A falta de higiene com a água e os alimentos, os excessos populacionais em determinadas regiões, e a ausência de saneamento básico, colaboram para a contaminação e para a reprodução dos parasitas", diz Vera Castilho, médica-chefe do Laboratório de Parasitologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. “O ideal seria que não tivéssemos nenhuma internação por conta dessas doenças. Com educação, conhecimento da importância de lavar bem as mãos e os alimentos, e saneamento básico, os números cairiam expressivamente.” Na análise por região, os estados da Bahia e de São Paulo lideram o ranking. De 2008 a 2010, 218.424 pessoas ocuparam leitos nos hospitais públicos da Bahia. Os paulistanos estão em segundo lugar: mais de 177 mil internados nos últimos três anos. O Acre representa o estado com o menor índice. Menos de oito mil pessoas registradas com infecções intestinais no mesmo período. Entender as bruscas variações, porém, requer um trabalho investigativo nas respectivas regiões. A incidência de determinada doença tem razões múltiplas em uma população, endossa Vera. “É necessário identificar a área mais afetada, o foco de transmissão, a qualidade do atendimento, o tempo de espera, o diagnóstico feito, por exemplo. São fatores combinados que justificam os dados.” Para Gilberto Ducato, infectologista do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, a falta de informação e de educação sanitária para a população contribuem para a contaminação. São inúmeras as bactérias a tira colo, e os vírus presentes no ar. Na opinião do especialista, campanhas ilustrativas, que reforcem a importância do uso de sapatos em determinadas áreas, de lavar bem as mãos e os alimentos e de coibir a entrada de animais nas praias, deveriam ser permanentes. “Quando há informação, entendimento das razões para tais medidas, é possível evitar alguns tipos de infecções.” A volta do Jeca Tatu Personagem do escritor Monteiro Lobato, o Jeca Tatu, caipira que tinha os calcanhares rachados, pois não gostava de usar sapatos e era avesso aos hábitos de higiene, contribuiu para ilustrar uma das infecções intestinais mais comuns no século 19. Popularmente conhecida como amarelão, a ancilostomose – e o Jeca Tatu – já foram temas de campanhas do Ministério da Saúde para combater a doença, apenas uma das inúmeras causadas por vermes. Hoje, a amebíase, doença transmitida por meio de alimentos e água contaminados, é a verminose mais comum no País. Em tempos de viroses no litoral e bactérias superpoderosas, os vermes ficam à margem da prevenção – e muitas vezes do diagnóstico. No verão, como a exposição das pessoas é maior, a contaminação tende a ser mais frequente. “Cabe ao médico sempre considerar a possibilidade de vermes. Para que o diagnóstico aponte se a infecção é provocada por verme, bactéria ou vírus, basta realizar um exame de fezes”, explica Vera Castilho. Os cuidados, porém, são sempre universais. A tradicional receita das avós, que sempre receitam vermífugos para prevenir tais doenças, foge à regra da recomendação médica e pouco efeito faz, revela Ducato. “A prática é um tiro no escuro. Isso é feito até por veterinário. Embora não tenha efeitos colaterais graves, deve ser evitada. Não existe um remédio que dê conta de todos os parasitas intestinais, uma janela sempre ficará aberta”, alerta o infectologista do hospital Oswaldo Cruz. Alimentos que supostamente combateriam a contaminação por determinados vermes também são pouco úteis. “Não há nada cientificamente comprovado que possa exercer tal poder.” Uma vez comprovada a presença de vermes no organismo, o tratamento é simples e, normalmente, de curta duração. Dependendo da doença, são necessários cinco dias de medicação, mas em média, 72 horas são suficientes. É fundamental, porém, repetir o exame de fezes para certificar que não restaram larvas no intestino do paciente. Nesses casos, o medicamento deve ser mantido ou substituído. http://saude.ig.com.br/minhasaude/falta+de+saneamento+e+higiene+interna+1300+pessoas+por+dia/n1237980726167.html

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