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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Prós e contras de emagrecedores não consideram cada paciente

Decisões que reduzam o arsenal terapêutico à disposição dos médicos, como o provável banimento da sibutramina e de anfetaminas, são sempre complicadas. O princípio em que a Anvisa se escuda para justificar a disposição é correto: os benefícios apresentados por uma droga devem superar seus riscos. A questão é que essa é uma conta quase impossível de fazer sem considerar cada paciente individualmente. A menos que falemos de venenos sem uso terapêutico, sempre haverá um grupo de pacientes para o qual o remédio traz mais benefícios que riscos. Pode ser uma fatia pequena, mas, desde que a categoria exista, não há razão para privá-la da droga. Em relação especificamente à sibutramina, a evidência científica disponível --o estudo Scout-- é suficiente para recomendar que se redobrem os cuidados na prescrição, mas parece acanhada para sustentar o banimento. Afinal, o que o trabalho apontou foi o aumento de 10% para 11,4% no risco de eventos cardiovasculares não letais em pacientes com mais de 55 anos, doença cardíaca ou diabetes e que fizeram uso prolongado da droga (média de 3,4 anos). É gente que, pela bula, nem deveria tomar o remédio. É temerário extrapolar esses achados para outras cortes. Já as anfetaminas entraram na história porque a Anvisa sabiamente previu que o veto à sibutramina levaria os pacientes "órfãos" a buscar essa classe de anorexígenos. Se olhasse mais longe, poderia antever também a migração para usos "off label" de antidepressivos --a bupropiona, usada contra o tabagismo, por exemplo, é uma molécula semelhante à dietilpropiona, anfetamina prestes a ser proibida. Também poderia haver recurso a drogas já ilegais, como as metanfetaminas (ecstasy). Outro modo de interpretar os passos da Anvisa é que ela concluiu que médicos não são confiáveis para prescrever remédios, pois receitam qualquer coisa para qualquer um, justificando que se corte o mal pela raiz. É possível que isso seja verdade, mas, neste caso, o buraco é mais embaixo. Aí é o próprio sistema de saúde, do qual a Anvisa faz parte, que fica sob suspeição. http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/877003-pros-e-contras-de-emagrecedores-nao-consideram-cada-paciente.shtml

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