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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Atenção à saúde financeira do seu convênio

Onze dos 18 maiores planos de saúde do País estão em dificuldades financeiras. É isso o que indica um levantamento feito pelo JT com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que classificam os balanços (ano de 2009, último disponível) repassados pelas próprias operadoras.


Para os clientes, uma empresa do setor com problemas econômicos pode significar piora no atendimento e nos serviços prestados, com redução da rede credenciada e demora para marcação de consultas, exames e outros procedimentos médicos.

A ANS mede o desempenho das operadoras em cinco faixas de valores numa escala de zero a um; quanto mais próximo de zero, pior a situação. Dos 18 maiores planos analisados pela reportagem (Green Line, Unimed Paulistana, Unimed Seguros Saúde, Trasmontano de São Paulo, Serma, Assimédica, Prevent Senior Private, Prevent Senior Corporate, Marítima Seguros, São Cristóvão, Amil Saúde, Amico, Golden Cross, Intermédica, Omint, Porto Seguro e Bradesco Saúde e Itálica), seis deles (Unimed Paulistana, Trasmontano de São Paulo, Serma, Assimédica, Prevent Senior Corporate e Itálica) estão na pior faixa de desempenho financeiro, com pontuação de 0,00 a 0,19.

Outros cinco estão na segunda pior faixa de avaliação (de 0,20 a 0,39). São eles: Green Line, Unimed Seguros Saúde, Prevent Senior Private, Marítima Seguros e São Cristóvão. Omint ficou na faixa intermediária (de 0,40 a 0,59). Amil Saúde, Amico, Golden Cross e Intermédica ficaram na segunda melhor faixa (entre 0,60 e 0,79). Porto Seguro e Bradesco alcançaram os melhores índices (de 0,80 a 1).

Uma fonte ligada ao setor das operadoras confirmou que a situação financeira das empresas realmente é grave e causada pelo excesso de novos procedimentos obrigatórios inseridos no rol pela ANS. Dirigentes do setor queixam-se de que a inclusão de exames, cirurgias e tratamentos complexos e mais caros tem impacto muito alto nas contas das operadoras de saúde.

Eraldo Cruz, gerente geral da ANS para o acompanhamento econômico das operadoras, afirma que algumas dessas empresas já estão sendo acompanhadas em um plano de recuperação.

“Outras chegaram até a passar por um regime de direção fiscal e algumas até já saíram dessa situação”, diz. A ANS não divulga a relação de operadoras sob intervenção, alegando questões de segurança, já que isso poderia afugentar os clientes desses planos o que agravaria a situação da empresa.


A recente quebra da Samcil é um exemplo de como os consumidores podem ser prejudicados quando a saúde financeira da operadora vai mal. A empresa foi obrigada a repassar sua carteira de clientes e a Green Line assumiu essa responsabilidade, porém, até agora o quadro não é nada tranquilizador para a clientela.

O aposentado Edson Aparecido Patrão, 58 anos, é uma das vítimas e já havia percebido uma piora no serviço antes de a carteira de clientes ser repassada à Green Line.

“Os hospitais próprios estão praticamente abandonados. Fiquei três meses aguardando autorização para alguns procedimentos que consegui em oito dias num hospital público – onde fui mais bem atendido do que no convênio”, conta. Sobre o repasse para a Green Line, desabafa: “Ninguém mandou carta nem nada para nos avisar sobre o que estava acontecendo. A única coisa que recebi foi o boleto para continuar pagando a mensalidade.”

Já o casal de aposentados Leonildo Barbiéri, 72 anos, e Henriqueta Perez Barbieri, 70, sofreu com a quebra da Avimed – que teve os clientes repassados para a operadora Itálica em 2009. Segundo o casal, o atendimento piorou tanto que Leonildo esperou meses por uma cirurgia de joelho.

Após muita luta, a filha do casal, a empresária Sonia Peres Barbiéri Bortolin, 47, decidiu usar a portabilidade e migrar da Itálica para o Prevent Senior. “Foi a alternativa. Cerca de 80% das clínicas e hospitais se descredenciaram após o repasse para a Itálica.”

O cliente pode ver o estado financeiro de seu plano acessando o site da ANS. A informação ainda pode ser obtida no Disque ANS (0800 701 9656). “O essencial é que, antes de contratar, o consumidor faça uma pesquisa, avalie cada operadora e compare o desempenho delas. Seja na ANS ou nosso site (www.procon.sp.gov.br) onde pode saber quantas reclamações a empresa tem”, finaliza Samantha Pavão, técnica do Procon-SP.

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