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terça-feira, 10 de maio de 2011

Endividada, Santa Casa ameaça fechar PS

Atendimento aumenta 30% em um ano e agrava déficit, que chega a R$ 120 milhões

Fernanda Bassette - O Estado de S.Paulo

Em meio a uma crise financeira insustentável e com uma dívida que chega a R$ 120 milhões, a Santa Casa de São Paulo ameaça fechar as portas do pronto-socorro da unidade central até o fim do mês, caso não consiga ajuda dos governos municipal, estadual e federal para reverter a situação.

De acordo com Antonio Carlos Forte, superintendente do hospital, a situação financeira se agravou em 2010 e só tem piorado neste ano - as contas fecharam no azul em 2009. O hospital atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ontem, o governador Geraldo Alckmin anunciou um repasse extra para as Santas Casas do interior. A de São Paulo ficou de fora, pois já recebe um aporte extra de R$ 1,8 milhão ao mês (mais informações nesta página).

"Fechamos 2010 com uma dívida de R$ 80 milhões. Nos quatro primeiros meses deste ano, o prejuízo ficou na ordem dos R$ 40 milhões", diz. Forte diz que o volume de atendimentos no pronto-socorro aumentou 30% em um ano - hoje são atendidos cerca de 1.030 pacientes por dia.

Uma das hipóteses para justificar o aumento da demanda no pronto-socorro é o atendimento de vítimas de traumas cranianos e da violência urbana. "Quase todo o resgate feito pela Polícia Militar e pelos Bombeiros vem para cá. São pacientes com traumas graves, que precisam passar por cirurgia e ainda ficam internados. O custo disso é muito alto e vários leitos ficam ocupados."

Demanda. Outra hipótese que ajuda a explicar o aumento da demanda, avalia Forte, é o fechamento de hospitais de planos de saúde em São Paulo. Desde o início do ano, três unidades cerraram as portas. "Se um fecha, outro tem de absorver os pacientes", diz.

Desde segunda-feira o frentista Claudinei dos Santos Andrade, de 29 anos, esperava uma vaga de internação para a mulher. Sem leitos disponíveis, ela aguardava por uma cirurgia eletiva deitada em uma maca no corredor. "O hospital diz que não há vagas, que precisa passar os casos mais graves na frente e não há prazo para atender", reclama.

Outro problema que ajuda a agravar a crise é o financiamento do SUS. Segundo Forte, para cada R$ 100 gastos, o SUS cobre R$ 60. A diferença é paga pela própria Santa Casa.

Os recursos extra-SUS para bancar o custeio do hospital saem do lucro obtido pelo Hospital Santa Isabel - unidade privada da Santa Casa - e do aluguel dos cerca de 300 imóveis que o hospital possui em São Paulo.

"Mesmo assim a conta não fecha. Em média, produzimos cerca de R$ 3,5 milhões a mais do que recebemos", afirma Forte.

Negociações. Diante do caos, a Santa Casa buscou ajuda nos três governos. "Precisamos estancar a sangria e equacionar a dívida. Ou temos uma solução ou fechamos as portas do pronto-socorro. Atendimento eletivo eu controlo, pronto-socorro não."

Anteontem, técnicos e diretores do Ministério da Saúde visitaram o local. O secretário de atenção à saúde do ministério, Helvécio Magalhães, diz que foi criada uma equipe tripartite (envolvendo os três governos) para analisar as finanças do hospital.

"Vamos fazer uma radiografia para apresentar para o ministro (Alexandre Padilha). Não adianta de tempos em tempos apresentarem uma conta com uma dívida imensa. O problema não é só a tabela do SUS. Há outros aspectos. Pode haver problemas de gestão", diz o secretário.

A Secretaria de Saúde do Estado informou que, na capital paulista, a Santa Casa é o hospital que mais recebe recursos extras. Diz que se prontificou a criar um plano de ajuda financeira ao hospital e espera que a unidade não reduza o atendimento. "Uma medida extrema como o fechamento do pronto-socorro irá prejudicar milhares de usuários."

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