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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Medicina Hiperbárica

Esta modalidade terapêutica consiste na administração de oxigênio a 100% como recurso de tratamento, especialmente indicado na cicatrização efetiva de feridas e no combate eficaz a uma série de infecções. A aplicação é feita em câmaras especiais, individuais ou para vários pacientes.
 
A medicina hiperbárica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e regulamentada pela Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica. Este órgão é associado à Undersea and Hyperbaric Medical Society, órgão internacional sediado nos EUA, que orienta seus afiliados quanto às questões éticas e técnicas desta especialidade.

Pouco conhecida inclusive no meio médico, a Oxigenoterapia Hiperbárica é uma técnica que extrai os benefícios da exposição ao oxigênio concentrado a 100%, a uma pressão 2 ou 3 vezes maior que a pressão atmosférica normal. Esta terapêut ica proporciona resultados satisfatórios, principalmente nos casos de má cicatrização e de certas infecções. Isto se dá devido à saturação de 100% da hemoglobina, além de um aumento significativo na quantidade de oxigênio livre, isto é, dissociado da hemoglobina e dissolvido no plasma. Assim, obtêm-se níveis bastante elevados de O2 no plasma (até 2.000 mmHg), que conseguem atingir profundamente todos os tecidos do organismo.
 
As indicações da terapia hiperbárica, propostas pela Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica, fundamentam-se em experiências documentadas e estudos clínicos, constantemente atualizados. Entre aquelas relativas a lesões ou feridas, estão:
  • Enxertos e retalhos cutâneos comprometidos: são os recursos de cirurgia plástica reparadora utilizados para reconstituir feridas extensas e profundas, fazendo uso de pele ou músculo retirados do corpo do próprio paciente. Nos casos de circulação sangüínea comprometida e conseqüente falta de oxigenação da pele ou do músculo transplantado, a oxigenoterapia hiperbárica atua evitando a necrose da região;
  • Feridas de difícil cicatrização: são, por exemplo, as lesões resultantes de imobilização prolongada na cama, geralmente notadas nas nádegas e nos calcanhares, e aquelas comuns nos portadores de diabetes, feridas estas que com freqüência levam à amputação do membro atingido. Geralmente decorrem de deficiência na circulação sangüínea, o que prejudica a oxigenação local, e/ou de uma infecção bacteriana;  
  • Lesões actínicas: notam-se em pacientes com câncer que se submetem a tratamento radioterápico; podem ocorrer na pele ou em vísceras ocas, como a bexiga e o intestino grosso, ou no tecido ósseo, sendo denominada osteorradionecrose;
  • Lesões por esmagamento e síndrome compartimental: tais feridas se caracterizam por danos em vasos sangüíneos de maior calibre e inchaço acentuado no membro atingido, o que provoca dificuldades sérias na circulação sangüínea. Geralmente resultam de esmagamentos traumáticos de braços e pernas;
Quanto a infecções, relacionam-se:
 
Abscesso cerebral: é o acúmulo de pus no cérebro, com necessidade de tratamento intensivo e abrangente;
 
Infecções necrotizantes de partes moles: atingem a epiderme, a camada de gordura subjacente e, às vezes, os músculos vizinhos. Estas enfermidades podem tanto progredir lentamente quanto se agravarem com rapidez, levando até à morte ou à amputação do membro afetado;
 
Osteomielite crônica refratária: é a infecção crônica de ossos, que não se cura por meio de tratamento convencional (antibioticoterapia associada a cirurgias para raspagem do osso afetado). A otite externa maligna, que atinge o osso do crânio integrante do aparelho auditivo, é causa freqüente de mortalidade.
 
Além destas patologias, registram-se outras ocorrências que indicam o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica:
 
Doença de Crohn: é uma enfermidade intestinal, que tem característica inflamatória; pode apresentar drenagem espontânea de secreção purulenta para a região próxima ao ânus ou o abdômen;
 
Doença descompressiva: é característica da inobservância das tabelas de descompressão recomendadas em caso de mergulhos prolongados e muito profundos. Dores nas juntas e sintomas neurológicos, tais como paralisias de partes do corpo, são algumas das manifestações;
 
Embolia gasosa arterial: é uma ocorrência acidental da prática de mergulho e de certos procedimentos médicos, como cirurgias cardíacas. Caracteriza-se pelo aparecimento anormal de bolhas de ar na corrente sangüínea, com a conseqüente interrupção da circulação e prejuízo da oxigenação de tecidos nobres do organismo — cérebro e coração, por exemplo —, com sérios desdobramentos;
 
Intoxicação por monóxido de carbono e inalação de fumaça: são intoxicações sérias, com alta ocorrência de mortalidade, provocadas pela aspiração voluntária (tentativa de suicídio) ou involuntária de gás de cozinha, pela descarga de veículos movidos à gasolina, ou pela fumaça decorrente de incêndios;
 
Pneumoencéfalo: é a ocorrência de uma "bolha" de ar no cérebro, geralmente resultado de um trauma.
 
O tratamento é administrado em câmaras hiperbáricas — cilindros metálicos resistentes à pressão, equipados com janelas. Estas câmaras podem ser individuais (monoplace ou monopacientes) ou coletivas (multiplace ou multipacientes), nas quais é necessário usar uma máscara. Aquelas destinadas ao tratamento individual possibilitam o contato visual com o paciente, através de sua estrutura de acrílico transparente; isto reduz a ocorrência de sintomas de claustrofobia, bastante comuns.
 
No tratamento hiperbárico conduzido em câmaras multipacientes, um técnico de enfermagem especializado, ou mesmo o médico hiperbárico, monitora os pacientes no interior do equipamento durante toda a sessão, tanto nos procedimentos de rotina quanto nas emergências. Esta é uma vantagem operacional deste tipo de câmara, em comparação com a câmara monoplace, na qual às vezes é necessário interromper o tratamento para prestar atendimento emergencial.
 
Para a segurança e o conforto do paciente, as câmaras hiperbáricas possuem um sistema de rádio que possibilita a comunicação com a equipe de oxigenoterapia. Além disso, através de alto-falantes especiais, projetados exclulsivamente para câmaras pressurizadas, é possível ouvir música durante a sessão.
 

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