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terça-feira, 10 de maio de 2011

Risco de AVC aumenta com lúpus e artrite

Portadores dessas doenças têm propensão 60% maior a desenvolver um tipo de arritmia cardíaca que é uma das principais causas de derrame

Karina Toledo - O Estado de S.Paulo

Portadores de lúpus e de artrite reumatoide têm risco 60% maior de desenvolver um tipo de arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial - uma das principais causas de acidente vascular cerebral (AVC). É o que conclui uma pesquisa da Universidade do Arkansas (EUA), apresentada na sexta-feira no Heart Rhythm 2011, o maior congresso sobre arritmias cardíacas do mundo, que terminou anteontem na cidade de São Francisco, na Califórnia.

Os pesquisadores ressaltaram que, com o aumento na incidência de fibrilação atrial, o tipo mais comum de arritmia, torna-se fundamental descobrir as causas do problema. "Estamos no meio de uma epidemia de fibrilação atrial", afirmou o cardiologista Abhishek Deshmukh, um dos autores do estudo, o mais comentado durante o evento.

Como as pessoas estão vivendo mais e o risco aumenta com a idade, acredita-se que o número de idosos com fibrilação atrial possa quadruplicar nos próximos anos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), Guilherme Fenelon, explica que o coração dos portadores de fibrilação atrial não contrai de forma adequada, o que favorece a formação de coágulos. Ao se desprenderem do coração, esses coágulos podem entupir artérias em diversas partes do corpo. Estima-se que cerca de 15% dos AVCs ocorram por esse motivo.

Entre os sintomas mais comuns da fibrilação atrial estão palpitação, fadiga, falta de ar, desmaios, tonteira e dor no peito. Segundo dados da American Heart Association, cerca de 2,2 milhões de americanos sofrem com o problema.

No Brasil não há dados epidemiológicos, mas se estima que 10% dos idosos acima dos 70 anos apresentem esse tipo de arritmia cardíaca.

O estudo. Os pesquisadores suspeitaram que lúpus e artrite reumatoide poderiam estar ligadas ao surgimento de fibrilação atrial por serem duas doenças autoimunes que causam inflamação. Foram acompanhados 416,78 mil pacientes com mais de 65 anos que tiveram alta de 1,2 mil hospitais americanos após tratamento para fibrilação atrial.

Os resultados da pesquisa mostraram que a frequência desse tipo de arritmia cardíaca foi 1,6 vezes maior nos pacientes diagnosticados com uma dessas doenças autoimunes, o que representa risco 60% mais alto.

Várias outras doenças já foram associadas ao surgimento de fibrilação atrial, entre elas a hipertensão, a doença arterial coronariana, a insuficiência cardíaca, a doença valvar cardíaca, a doença pulmonar crônica, o hipertireoidismo e infecções, além de doenças cardíacas congênitas.

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