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terça-feira, 7 de junho de 2011

De 1 a 4 anos: queimaduras são a segunda maior causa de morte

Maioria dos acidentes acontece em casa e poderia ser evitada com cuidados simples, segundo Sociedade Brasileira de Queimaduras


Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras: só acidente de trânsito mata mais crianças de 1 a 4 anos de idade

A segunda-feira, 6 de junho, foi  o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras e sendo também o mês das festas juninas, vai o alerta para os pais: as queimaduras são a segunda principal causa de morte em crianças de 1 a 4 anos de idade – só perdem para os acidentes de trânsito, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras. A instituição estima que um milhão de crianças sofram com este tipo de lesão todos os anos no Brasil.

Explosão de vidro de álcool
Era para ser um Natal de festa. Mas o churrasco em família em pleno 25 de dezembro de 2001, no entanto, foi uma página triste na vida da diarista Luzia Pereira Rodrigues, de 53 anos. Durante a confraternização com amigos e parentes, a filha Amanda Pereira Damazio Oliveira, na época com um ano e três meses, foi atingida no rosto pela explosão de um vidro de álcool usado pelo pai para acender a churrasqueira. “Tudo aconteceu muito rápido. Só vi o fogo no rostinho dela. Uma cena que não gosto nem de lembrar”, conta a mãe.

Amanda ficou internada em estado grave por onze dias, devido às queimaduras de segundo grau em todo o rosto. Até hoje, nove anos depois, elas ainda tentam apagar as marcas do acidente. “Já foram cinco cirurgias plásticas, fora outras incisões mais simples. Hoje, Amanda está muito melhor, mas as cicatrizes ainda estão ali”, relata Luzia.

Assim como no caso de Amanda, o álcool está no topo da lista das principais causas de acidentes com queimaduras em crianças no país, responsável por 41,3% das ocorrências, segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras.

Sendo o álcool o principal agente de perigo, o médico Gino Arrunátegui, doutor em Saúde Pública com atuação na Unidade de Queimaduras do Hospital das Clínicas de São Paulo, realizou uma pesquisa para verificar a vulnerabilidade das pessoas a este tipo de acidente. No estudo, ele constatou o que já havia detectado no consultório: as crianças são realmente as vítimas mais suscetíveis. “O risco de acidentes na infância é um resultado multideterminado e decorre não só do tipo de cuidado que os pais tomam, mas também de uma interação entre características do ambiente e de comportamento da criança”, diz Arrunátegui.

A fim de minimizar os perigos e evitar acidentes, como o que aconteceu com Amanda, o pesquisador faz algumas propostas como, por exemplo, a sobretaxação de produtos mais “perigosos”, deixando-os mais caros nas gôndolas dos supermercados, a disponibilização obrigatória de combustível sólido junto ao pacote de carvão e advertências mais visíveis nas embalagens de álcool.

Outros perigos
Depois do álcool, em segundo lugar na lista de perigos de queimaduras estão os chamados escaldos, provocados pelo contato com água fervente ou óleo quente, que respondem por 33% dos casos, segundo estatísticas da Sociedade Brasileira de Queimaduras.

O publicitário Caetano Piva da Silva, de São Paulo, conhece muito bem a dor de uma queimadura. Quando tinha sete anos derrubou uma panela com óleo quente no corpo e sofreu bastante ao ter de passar as férias de julho em repouso absoluto. “Até hoje me lembro da cena. Minha avó estava fritando pastel na cozinha e foi atender minha irmã, ainda bebê, que chorava. Foi nesta hora, que vi a frigideira, tirei a tampa e joguei o pastel no fogo quente, mas meu braço bateu no cabo e derrubou o óleo em mim”, conta Caetano, aos 28 anos, que continua com as cicatrizes das queimaduras no braço esquerdo e na perna direita.

Situações domésticas como esta acontecem mais frequentemente do que se imagina. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, 78% dos acidentes com queimaduras acontecem dentro de casa – e poderiam ser evitadas com precauções bastante simples (veja as recomendações abaixo). No mês de festas juninas, os cuidados devem ser ainda maiores, já que as pessoas têm maior contato com fogueiras, balões e fogos de artifício. “É tão fácil evitar a maior parte dos acidentes, mas geralmente não se toma o devido cuidado”, alerta o cirurgião plástico Luiz Philipe Molina Vana, presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Queimaduras e chefe do departamento de Queimaduras do Hospital das Clínicas.

Apesar dos avanços na medicina, o cirurgião plástico lembra que a cicatriz de uma queimadura é uma marca que fica para a vida toda. “Por isso, prevenção é tudo”, ressalta Luiz Philipe. No entanto, se mesmo com todas as medidas de cautela ainda ocorrer um acidente, a recomendação é lavar o local do ferimento com água abundante por cinco a dez minutos, cobrir a ferida com um pano limpo e procurar o pronto-atendimento médico. Não utilize pomadas, receitas caseiras ou qualquer substância na área atingida para não piorar a lesão.

Medidas preventivas
- Crianças não devem ficar na cozinha, especialmente enquanto tiver panelas no fogo
- Mantenha sempre cabos de panelas virados para o lado interno do fogão
- Tire o álcool líquido da dispensa. Se necessário, substitua-o pelo álcool em gel, que é até mais eficiente na limpeza, pois demora mais tempo para evaporar
- Mantenha produtos químicos inflamáveis longe das crianças
- Em churrascos, coloque fogo na churrasqueira com acendedores próprios
- Jamais utilize álcool engarrafado diretamente sobre a churrasqueira, na forma de jato, pelo risco de explosão
- Mantenha objetos aquecidos, como chapinhas para cabelo, aquecedores e ferro de passar, longe do alcance das crianças
- Não deixe fios de aparelhos eletrônicos ao alcance das crianças
- Use protetores de tomadas elétricas
- Não deixe crianças terem acesso a fósforos e isqueiros
- Evite acender fogueiras e deixar crianças sozinhas ao redor delas
- Evite manusear fogos de artifício, especialmente perto de crianças. Se for fazê-lo, siga todas as recomendações de segurança do fabricante
- Não solte balões

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