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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Glutamato monossódico ligado a ganho de peso

Ingestão de 5g diárias aumentou em 30% a propensão a ganhar peso em homens e mulheres


Macarrão instantâneo com molho artificial: altas concentrações de glutamato

O intensificador de sabor glutamato monossódico (MSG), geralmente associado à comida chinesa e às dores de cabeça depois do jantar, pode também estar intensificando a circunferência da cintura, de acordo com um novo estudo.

Pesquisadores constataram que pessoas que ingerem maior quantidade de MSG estão mais propensas ao excesso de peso e à obesidade. E o risco maior não foi verificado simplesmente porque essas pessoas estavam se empanturrando de alimentos ricos em MSG. A relação entre o consumo alto de MSG e a obesidade se manteve mesmo depois de contabilizado o número total de calorias ingeridas.

Ka He, especialista em nutrição da Universidade da Carolina do Norte, autor do estudo, diz que mesmo sendo modesto, o risco de ganho de peso atribuído ao MSG tem implicações substanciais para a saúde pública.

“É algo que todo mundo come”, disse ele à Reuters Health.

O MSG é um dos aditivos alimentares mais usados em todo o mundo. Apesar de muito mais popular em países asiáticos, ele também é muito consumido nos Estados Unidos através de alimentos processados, como salgadinhos e sopas enlatadas, mesmo quando o item não é mencionado no rótulo.

Estima-se que a ingestão diária de MSG dos americanos seja de apenas meio grama, enquanto que o consumo médio no Japão e na Coréia pode variar de 1,5 a 10 gramas ao dia. O MSG é considerado um aditivo seguro, mas algumas pessoas se queixam de dores de cabeça, enjoos e outras reações adversas após a ingestão desse produto.

Diversos estudos já analisaram uma possível ligação entre o MSG e o peso corporal, chegando a resultados conflitantes. Para alguns cientistas, as pessoas ingerem maiores quantidades de alimentos contendo MSG simplesmente porque os mesmos são mais saborosos. Outros sugerem o MSG provavelmente interfira na sinalização dos sistemas reguladores do apetite do corpo humano.

Na pesquisa mais recente, publicada pelo periódico American Journal of Clinical Nutrition, He e seus colegas acompanharam mais de 10.000 adultos na China por aproximadamente 5,5 anos em média.

Os pesquisadores calcularam a ingestão de MSG pesando os produtos – como garrafas de molho de soja – antes e depois de utilizados, verificando assim a quantidade ingerida pelos participantes, que também tiveram de calcular o consumo estimado de MSG em três períodos de 24 horas.

A pesquisa revelou que homens e mulheres com maior consumo do aditivo (média diária de 5 gramas) apresentaram propensão 30% superior de excesso de peso corporal até o final do estudo do que aqueles que ingeriram menos de um grama diário do aromatizante. Depois de excluídos os participantes que já estavam acima do peso no início do estudo, o risco subiu para 33%.

A obesidade não é um problema tão comum na China como nos Estados Unidos, o que pode indicar que o MSG não seja um grande culpado do ganho de peso. Mas, os chineses costumam ser fisicamente ativos, o que, na opinião de He, provavelmente ajude a compensar os quilos extras produzidos pelo aditivo.

Ele complementa que mesmo que a ligação entre o MSG e o ganho de peso ainda não esteja clara, pode haver alguma conexão com a leptina, hormônio regulador do apetite e do metabolismo. A pesquisa conduzida por He revelou uma maior produção de leptina nas pessoas que consumiam o aditivo em maior quantidade.

“O consumo de MSG possivelmente causa intolerância à leptina, fazendo com que o organismo não consiga processar a energia recebida através dos alimentos”, ele explica. Ele complementa que isso poderia explicar porque as pessoas que consumem maior quantidade de MSG engordaram mais independentemente do volume calórico ingerido.

Já o pesquisador brasileiro Ivan E. de Araújo, neurobiólogo da Universidade de Yale que estuda os efeitos do MSG sobre a leptina, não se mostrou muito convencido com as descobertas.

“A leptina é liberada por células de gordura, então, à medida que as pessoas engordam, elas têm mais leptina no sangue”, Araujo explica. Os efeitos do MSG sobre os níveis de leptina podem simplesmente ser um reflexo do aumento de massa corporal.

Araújo considerou “bastante especulativa” a sugestão dos pesquisadores de que a exposição prolongada a grandes quantidades de MSG provavelmente provoque uma resistência à leptina ao danificar o hipotálamo, já que os mesmos não apresentaram “evidências diretas” de que quantidades normais de MSG poderiam produzir um dano físico em tal região cerebral.

Para o especialista, o fato de um ganho moderado de peso ter sido observado somente no grupo com maior consumo de MSG é bastante intrigante. Ele ressalta que as pessoas com consumo mais elevado de MSG também consumiram maior quantidade de sal na dieta, o que pode levar à retenção de líquidos e ganho de peso.

He e sua equipe pretendem realizar um estudo complementar para verificar se as pessoas que deixam de ingerir MSG atingem benefícios à saúde atribuídos à mudança na alimentação.

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