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terça-feira, 7 de junho de 2011

Logística Hospitalar - Gestão de Farmácias

Insumos hospitalares e os medicamentos estocados nas farmácias possuem um custo elevado. Sabemos que no setor da saúde, principalmente em hospitais, os recursos estão cada vez mais escassos, o que obriga aos gestores desses estabelecimentos uma busca por novas metodologias de controle. Este artigo apresenta um estudo de caso analisando, do ponto de vista logístico, o controle de estoques de duas farmácias de hospitais distintos, um público e outro privado. O foco será dado às formas de controle do estoque e à relevância de programas específicos para uma maior economia. Para tanto, estudou-se, com base na análise ABC, o grupo dos medicamentos de preços mais elevados que perderam sua validade no estoque hospitalar. Além da análise ABC, também foram utilizadas outras teorias logísticas como Ponto de Pedido e Lote Econômico de Compras, para melhoria do gerenciamento de estoques.

Dentro de um hospital, as questões focadas na administração de estoque dos medicamentos e a forma de distribuição destes em seus diferentes setores dizem muito em relação a qualidade da prestação de serviços pela farmácia.

Os estoques são considerados itens primordiais quando o objetivo é a redução de custos, devido a sua relevância no ciclo operacional das organizações. No Brasil, a taxa básica de juros fixada pelo governo e os juros de mercado são significativos, fazendo com os custos de manutenção de estoques sejam mais elevados em relação aos países desenvolvidos, portanto, altas taxas de juros sinalizam a urgência na busca de níveis de estoques mais baixos.

As farmácias, principalmente se hospitalares, dependem de uma logística bastante complexa quanto ao abastecimento e distribuição de medicamentos, uma vez que, como cabe a elas prestar serviços destinados a saúde é necessário que tenham em estoque todos os medicamentos prescritos para o bom andamento da instituição de saúde. Os estoques da farmácia hospitalar são caracterizados por ciclos de demandas e de ressuprimentos, com flutuações significativas e altos grau de incerteza. Estes são fatores críticos no momento de se planejar os estoques, visto a necessidade de manter-se medicamentos em disponibilidade na mesma proporção de sua utilização. Estes medicamentos/materiais são itens que chegam a representar, financeiramente, até 75% do que se consome em um hospital.

Observa-se que variáveis como o tempo de permanência em estoque e a quantidade de medicamentos armazenados estão entre as principais responsáveis pelo alto custo dos produtos nas farmácias hospitalares, fazendo com que o custo de medicamentos apresente um crescimento significativo e mais expressivo comparado com a inflação dimensionada para a saúde.

Nos Estados Unidos, observou-se que o custo das drogas/leito ocupado/ano subiu de U$$ 6,744 em 1989 para U$$ 9,850 em 1992, U$$ 13,350 em 1995 e U$$ 21,677 em 1998. (CARVALHO, L. M.; CORREA, T. H. A.; TEIXEIRA, T. M.; FONSECA, C. H. T. Gerenciamento de Farmácia Hospitalar -“Seleção de Medicamentos, usando o método ABC”)


Com esses índices conseguimos observar que os custos operacionais crescentes da saúde são insustentáveis, tanto aos cofres públicos, quanto as organizações de saúde privadas.

Nesse cenário, as restrições orçamentárias conduzem os administradores da saúde à procura de novas medidas gerenciais como o controle de recursos financeiros aliados à eficiência de sua utilização, e a redução dos custos operacionais concomitante com a melhoria da qualidade da assistência médica.

O estudo de caso que apresentamos a seguir foi realizado entre farmácias hospitalares da Região do Vale do Paraíba, interior do Estado de São Paulo. Buscamos avaliar a eficácia do controle de estoque das mesmas, baseando-se na teoria da Classificação ABC, Ponto de Pedido, Fator de Desperdício e Lote Econômico de Compras.

Na região foram pesquisados dois hospitais, um na cidade de Caçapava e um na cidade de São José dos Campos, sendo eles de administração pública e privada, respectivamente. Torna-se importante ressaltar que a cidade de Caçapava tem uma população de aproximadamente 80.458 habitantes, dos quais 90% desses são atendidos pelo hospital pesquisado. Já a cidade de São José dos Campos conta com uma população de 594.948 habitantes, onde 15% desses passam por atendimentos no hospital estudado.

Outro dado importante nesta pesquisa foi a média de atendimentos semestrais nos hospitais pesquisados, que foram de 1.910 atendimentos/mês no hospital privado e de 2.620 atendimentos/mês no hospital público.

O critério de escolha de um hospital público e outro privado para realização da pesquisa deu-se pelo fato de poder-se verificar nos dois tipos de administração as medidas logísticas que obtiveram sucesso e aquelas que precisam ser atualizadas ou modificadas para um resultado mais positivo.

Sabe-se que o controle de gerenciamento de estoques multi-itens é bastante complexo devido à diversidade, no entanto, neste estudo, focou-se nos itens fármacos de maior desperdício em função do prazo de validade, onde se avaliou as demandas, quantidades mínimas e máximas de estocagem.

O resultado da pesquisa aponta que o gerenciamento de uma Farmácia Hospitalar utilizando o método da Curva ABC é capaz de melhorar as despesas internas de um hospital, reduzindo os custos em 50%. Os medicamentos comprometem em torno de 15% do orçamento de um hospital e através da utilização da Classificação ABC como ferramenta de controle de gestão de estoque pode-se obter melhorias significativas.

Notou-se também que grande parte dos medicamentos desperdiçados nos dois hospitais pertencem as classes A e B da curva ABC. Ressaltamos que para uma boa administração dos estoques de medicamentos e uma melhor utilização dos recursos, essas classes não podem ser tratadas de forma semelhante aos outros produtos, uma vez que são as classes de maior valor agregado e custo muito maior.

Com a análise dos dados, pôde-se concluir que os resultados obtidos pelo método ABC mostrados neste trabalho abrem perspectivas no sentido de desenvolver uma administração Farmacêutica Hospitalar eficaz e de baixo custo, sem causar danos à terapêutica do paciente.

A partir dos resultados obtidos verificamos que mesmo com um alto custo de manutenção de estoques de fármacos, o Hospital Privado apresenta um fator de desperdício menor, quando comparado ao Hospital Público. Isso ocorre através da utilização de softwares atualizados que proporcionam um controle mais eficaz dos medicamentos. Outro ponto que deve ser focado é o treinamento dos funcionários que irão utilizar os softwares, uma vez que sem treinamento adequado os funcionários podem não utilizá-los adequadamente,fazendo que as melhorias propostas não sejam efetivadas.

Finalmente, os avanços na área da logística e de tecnologia de informação levam a uma busca de eficiência e de competitividade nas organizações de saúde, e isto é um fator crucial para a redução do desperdício do Hospital Privado. Observa-se que menores estoques significam menores custos e que sua redução agrega benefícios tanto interno como externo à organização.

Autores: *Bruno de Assis Alves (bruno1886@gmail.com), Lucas Felipe de Ambrósio Ribeiro (lucas.ambrosio@hotmail.com), Livia Dias e Wanderson Alves de Siqueira Conceição (wasc.otto@yahoo.com.br), são graduandos em Logística pela Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos. E Bruno e Lucas são pesquisadores bolsistas pela FAPESP.

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