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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pesquisa liga privação de sono a maior consumo de junk food

Estudo esclarece mais um aspecto comportamental da relação entre sono e obesidade, dizem especialistas

Pessoas que se sentem sonolentas durante o dia podem ter mais dificuldades para resistir a alimentos com alto teor calórico, é o que mostra uma nova pesquisa americana.



A descoberta, apresentada esta semana durante o encontro da Associação das Sociedades Profissionais Relacionadas ao Sono, que ocorre em Minneapolis, complementa pesquisas que relacionam a privação do sono à obesidade.

Participaram do novo estudo 12 adultos entre os 19 e os 45 anos de idade. Aqueles que sentiam sonolência diurna apresentaram uma queda na ativação da região cerebral que inibe o comportamento (o córtex pré-frontal) ao observarem fotos de alimentos de alto teor calórico – como hambúrgueres, batatas fritas, pizzas, bolos e sorvetes – em comparação a imagens de alimentos mais saudáveis e menos calóricos.

“Quando estamos sonolentos, são poucas as chances de conseguirmos controlar o quanto comemos. Possivelmente somos atraídos por alimentos menos saudáveis por não conseguirmos nos controlar tão bem quanto quando estamos bem descansados”, disse William Killgore, professor de psicologia na Escola de Medicina da Harvard e do McLean Hospital, de Belmont, e autor do estudo.

A equipe de pesquisa observou a atividade no córtex pré-frontal através de exames de ressonância magnética funcional. A sonolência diurna foi medida por uma escala padrão que marca a frequência com que o indivíduo cochila em determinadas situações, como ao ler ou assistir TV.

Nenhum dos participantes do estudo sofria de transtornos de sono e todos eles se encaixavam em um padrão normal de sono. Entretanto, quanto mais sonolento o participante, menor a resposta cerebral às imagens de alimentos altamente calóricos. Os participantes mais sonolentos também se mostraram mais propensos a manifestarem fome.

“A privação do sono tem consequências negativas em nosso organismo”, disse Killgore.

A equipe liderada por Killgore pretende expandir o estudo para verificar se os resultados se mantêm em um grupo maior de participantes e como a privação de sono afeta a prática regular de atividades físicas.

O estudo também representa mais uma peça no quebra-cabeça da relação entre sono e peso corporal. Essa é a opinião de Shelby Freeman Harris, diretora do Programa de Medicina Comportamental do Sono do Centro de Transtornos do Sono do Centro Médico Montefiore, de Nova York (EUA).

“Já sabemos que quando não dormimos o suficiente, nossas taxas hormonais são afetadas. Agora vemos que a privação de sono pode também afetar a habilidade de resistir a alimentos calóricos”, disse ela.

Segundo Harris, estudos já haviam mostrado que o sono inadequado leva a um aumento da grelina, hormônio que sinaliza quando devemos comer, e a uma queda da leptina, hormônio que informa nosso organismo quando devemos parar de comer. Ela explica que, com a insuficiência de sono, “temos menos leptina e mais grelina, nos dizendo para continuar a comer. Além disso, o córtex pré-frontal não se encontra em perfeito funcionamento e por isso não pode nos impedir de comer em excesso”.

O conselho da especialista é dormir mais: “Tente ir para cama uma hora mais cedo, limite o consumo de cafeína e álcool e tente se exercitar de cinco a seis horas antes de ir dormir. Precisamos ir desacelerando aos poucos para dormir melhor”.

Para Louis Aronne, diretor do Programa de Controle de Peso do Centro Médico Weill Cornell, de Nova York, as descobertas fazem todo sentido:

“Quando não dormimos o suficiente, hormônios importantes tomam uma direção que levam ao ganho de peso e esta descoberta mostra como este processo ocorre de forma comportamental”, disse ele.

O especialista explica que alimentos ricos em gordura, com alto teor calórico, oferecem uma injeção de energia imediata, mas que não se mantém, fazendo com que as pessoas sonolentas se sintam atraídas por este tipo de alimentos.

“É muito mais difícil seguir um programa alimentar quando não dormimos bem”, disse ele, complementando que alguns pacientes que não conseguem seguir uma dieta em virtude da privação de sono logo conseguem fazê-lo ao terem o sono estabilizado.

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