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terça-feira, 21 de junho de 2011

Técnica inédita na América do Sul beneficia pacientes do Boldrini



Tratamento inédito na América do Sul está beneficiando pacientes com câncer do Centro Infantil Boldrini, hospital de Campinas (SP).

O tratamento utiliza o acelerador linear Synergy, que permite tratar tumores e lesões sem afetar órgãos e estruturas vizinhas. O Boldrini trata de crianças e adolescentes com câncer.

O acelerador utiliza a técnica de radiação com intensidade modulada em arco (VMAT), tecnologia mais avançada em radioterapia e que traz grandes benefícios aos pacientes. O equipamento é capaz de oferecer tratamentos mais precisos e concentrados na lesão, com grande proteção aos órgãos próximos ao tumor e com redução dos efeitos colaterais. Além de permitir tratamentos com tempo mais curto de exposição.

“A técnica de radiação com intensidade modulada em arco (VMAT) realiza tratamento com o aparelho em movimento. O acelerador faz o movimento em torno do paciente, enquanto a intensidade da radiação vai sendo modulada, ou seja, controlada por um software de tratamento”, descreve a doutora

Rosângela Villar, responsável pelo Serviço de Radioterapia do Boldrini.
Esse tratamento inovador é indicado para pacientes portadores de tumores próximos a órgãos importantes e sensíveis aos efeitos colaterais da radiação, como coração, pulmão, cérebro e medula espinhal.

“Tumores vizinhos a essas estruturas apresentam grande risco cirúrgico e, na maioria das vezes, o médico opta por não realizar uma intervenção cirúrgica ficando somente a radioterapia como opção de tratamento. Um exemplo é o tumor na região da coluna, próximo à medula espinhal. Esses casos, no entanto são também um grande desafio para a radioterapia. As doses convencionais de irradiação, necessárias para a cura da doença, não podem ser aplicadas nessa localidade com as técnicas de tratamento mais antigas, devido à sensibilidade exacerbada da medula espinhal a pequenas doses de irradiação com risco de efeitos colaterais e sequelas inaceitáveis que inviabilizavam seu uso”, revela a doutora.

Os pacientes submetidos ao tratamento com essa tecnologia têm obtido importantes resultados. Segundo a doutora Rosângela, “os pacientes têm apresentado poucos efeitos colaterais, o que torna a radioterapia com essa técnica muito bem tolerada. Temos como exemplo uma criança com câncer de esôfago sendo tratada com VMAT. Ela não apresentou dificuldade para deglutir e teve ganho de peso de 2kg durante as sessões. Nos pacientes com essa doença, normalmente o que se observa é uma queda de cerca de 10% no peso durante toda a radioterapia, devido à toxicidade e dificuldade em se alimentar”, explica.

A doutora Rosângela Villar, cita ainda outros resultados animadores. “Podemos mencionar outros casos de sucesso, como uma paciente, que teve a fertilidade preservada mesmo sendo submetida à radiação em área próxima aos ovários. Outra apresentou resposta completa (cura) com esse tratamento para um câncer raro em crianças e incurável em adultos. E ainda uma criança que foi reirradiada com muita facilidade e mínimos efeitos colaterais. O que é muito difícil em pacientes submetidos a um segundo tratamento com radiação.”

O acelerador também é capaz de realizar radioterapia guiada por imagem (IGRT – Image Guided Radiotherapy), o que resulta em um Raios-X digital do paciente em tempo real de tratamento ou ainda em um corte de tomografia visualizando o tumor e os órgãos vizinhos durante a liberação do tratamento. Assim é possível fazer correções automáticas para que o centro da máquina esteja focado no centro do tumor ou da lesão a ser tratada.

“Essa técnica nos permite precisão milimétrica de posicionamento diário, controle de movimento interno dos órgãos de acordo com a respiração e com a redução diária do tumor, podendo adaptar o tratamento às condições reais do paciente dia a dia. Se houver grande redução do tumor visualizamos imediatamente o fato e podemos fazer adaptações e novo planejamento do tratamento para a nova situação. Essas variáveis, ao serem totalmente controláveis com o novo equipamento permitem margens de tratamento muito menores que as anteriores, reduzindo em muito a irradiação dos órgãos normais vizinhos”, afirma a doutora Rosângela.

O Centro Infantil Boldrini, referência no tratamento de câncer, há 33 anos atua no cuidado a crianças e adolescentes com câncer. Atualmente, o Boldrini trata cerca de 7 mil pacientes de diversas cidades brasileiras e alguns de países da América Latina, a maioria (80%) pelo SUS.

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