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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Conheça o maior banco de tumores da América Latina

Com amostras de tumores de mais de 30 mil pessoas, Fapesp e A.C. Carmago participam dos avanços do Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID). Confira!
 
Quando a FAPESP e o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer lançaram o Projeto Genoma Humano do Câncer, em 1999, o hospital A.C. Camargo – ao qual o Instituto estava associado – começou a armazenar amostras de tecidos tumorais de pacientes com câncer. Esse material deu origem ao primeiro, maior e mais importante biorrepositório da América Latina, com amostras de tumores de mais de 30 mil pessoas.
 
Esse banco de tumores tornou-se um precioso instrumento de pesquisa e de desenvolvimento para diagnóstico, prognóstico e tratamento de câncer. Cada amostra está correlacionada aos dados do paciente e ao histórico de sua doença. Assim, em paralelo ao banco de tumores, que contém os dados patológicos, há um banco de dados clínicos, com informações sobre cada paciente, e os dois estão integrados.
 
Dessa forma, é possível estudar as características de cada tecido tumoral em relação à evolução da doença do seu doador e à resposta a tratamentos, por exemplo. E, ao mesmo tempo, analisar e comparar esses dados com aqueles originários de tecidos e respostas clínicas de outros doadores, procurando mecanismos que permitam antecipar o diagnóstico ou prever o desenvolvimento da enfermidade.
 
“Graças à existência desse banco de tumores, pudemos pleitear nossa participação no Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), possibilitando que o projeto fosse levado adiante e crescesse”, contou o patologista Fernando Soares, diretor do Departamento de Anatomia Patológica do hospital – recentemente renomeado como A.C. Camargo Cancer Center.
 
Soares coordenou o Centro Antonio Prudente para Pesquisa e Tratamento do Câncer, aprovado no primeiro edital do Programa CEPID, em 2000, e apoiado pela FAPESP por um período de 11 anos. As pesquisas realizadas por este CEPID prosseguiram no Centro Internacional de Pesquisa Ricardo Brentani, e a sua infraestrutura laboratorial foi incorporada pelo Centro de Patologia Investigativa (CPI), ambos instalados no A.C. Camargo Cancer Center.
 
As amostras depositadas no banco de tumores são recolhidas de pacientes submetidos a cirurgias. O tumor retirado é analisado por patologistas para a definição do tratamento e o material excedente é processado em “condições altamente controladas”, antes de ser congelado em nitrogênio líquido ou isolado em parafina, entre outros procedimentos.
 
“Ensaios de imuno-histoquímica ou técnicas de análise genômica permitem não apenas fazer o diagnóstico, mas também obter várias outras informações a respeito dos tumores, como a resistência a determinados tratamentos e a mensuração de biomarcadores prognósticos”, detalhou Vilma Martins, diretora do Centro Internacional de Pesquisa Ricardo Brentani.
 
Com a estrutura atualmente disponível no Centro de Pesquisa, é possível ainda gerar linhagens celulares a partir desses tumores e utilizá-las em modelos animais para o entendimento dos mecanismos associados ao processo tumoral. “Temos hoje uma estrutura que nos permite estudar esses tumores em nível molecular, celular e de sistemas, usando diferentes abordagens experimentais”, disse Vilma Martins.
 
A coleta e a armazenagem das amostras são realizadas apenas com a autorização do paciente ou de seu responsável legal. O material armazenado é codificado para assegurar a privacidade do doador e de todas as informações associadas. As pesquisas com o material são avaliadas e aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa e, em alguns casos, também pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
 
Os pacientes que chegam todos os dias ao A.C. Camargo Cancer Center são beneficiários diretos desses estudos. “Existe hoje um conjunto de procedimentos de rotina no hospital que são decorrência direta da pesquisa, conhecimentos adquiridos no estudo que foram incorporados à atenção ao paciente”, destacou Fernando Soares.
 
Prevenção e diagnóstico
Um dos principais usos das amostras do Banco de Tumores do A.C. Camargo Cancer Center é a busca de alterações genéticas que aumentam o risco de câncer. Os portadores dessas alterações são beneficiados com medidas preventivas ou diagnóstico precoce. Uma alteração de DNA, por exemplo, pode permitir identificar os riscos da doença em pacientes ainda sem sintomas clínicos e desencadear ações de prevenção.
 
“Um exemplo prático é a detecção de mutações associadas com as síndromes de cânceres familiais, que permitem identificar pacientes assintomáticos com risco para desenvolver a doença. Nesse caso, os pacientes podem ser acompanhados, diagnosticados e tratados precocemente”, exemplificou Vilma Martins. “Os pacientes e suas famílias também são encaminhados ao Serviço de Oncogenética para aconselhamento genético, criado e ampliado durante o projeto CEPID”, continuou.
 
Uma linha de pesquisa avaliou mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 em mulheres que desenvolveram câncer de mama em idade jovem. As mutações nesses genes, que têm como função a supressão tumoral, predispõem ao câncer de mama e ao câncer de ovário.
 
O estudo, desenvolvido em conjunto com pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), foi realizado em mulheres que tiveram câncer de mama entre os 20 e os 35 anos.
 
Ambos os genes foram analisados a partir do sequenciamento do DNA do sangue das pacientes. O maior benefício desse estudo foi possibilitar a identificação não só de pacientes em risco, mas também de famílias com alto risco. A partir da pesquisa, o hospital passou a disponibilizar o teste para detectar mutações naqueles genes, de forma a antecipar diagnósticos.
 
“As mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, associadas a uma história de ocorrências de câncer de mama ou ovário na família, indicam maior probabilidade de que a doença venha a se manifestar.
 
Então, o sequenciamento desses genes passou a ser oferecido a pacientes que tenham esse tipo de histórico familiar”, relatou Vilma Martins.
 
SaudeWeb

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