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sábado, 15 de novembro de 2014

Os absurdos que os médicos têm que ouvir todos os dias

O site “The Meta Picture” compartilhou várias atualizações e mensagens da rede social Facebook na qual médicos contam histórias engraçadas sobre seus pacientes
 
De fato, a área da saúde é cheia de contos bizarros. Má informação, confusões e crenças infundadas são apenas parte dos problemas com os quais médicos têm que lidar todos os dias.
 
As mensagens abaixo podem ou não ser reais (não há como verificá-las), mas certamente são divertidas, não?
 
“Depois de olhar para o prontuário do paciente e ver que ela tinha diabetes:
Eu: Você possui alguma condição médica?
Paciente: Não
Eu: Você tem certeza, nunca te disseram que você tinha alguma doença?
Paciente: Nunca
Eu: Que medicações você toma?
Paciente: Insulina…para minha diabetes”
 
“Eu prescrevi a um paciente um inalador para sua alergia a gatos. Ele voltou uma semana depois dizendo que não estava melhor. Acontece que ele estava pulverizando o inalador em seu gato”
 
“Uma mulher de meia-idade na sala de operação uma vez nos disse no último minuto (enquanto estava sendo levada para a mesa cirúrgica) que era alérgica a látex. Todo mundo entrou em pânico, porque muita coisa na sala de operação é de látex, então a levamos para uma sala sem látex e fizemos a operação lá. Quando ela estava na sala de recuperação acordada, perguntei que reação ela tinha a látex. ‘Eu apenas não gosto do som das luvas de látex, querida’. Apenas me virei e fui embora”
 
“’Não beba nem coma nada depois da meia-noite’, [eu disse ao pai] antes da cirurgia de sua filha de 3 anos (amigdalas e adenoides). Enquanto intubávamos a garota na manhã seguinte, ela vomitou ovos mexidos, o que fez com que aspirasse a comida em seus pulmões. Seu coração parou, eu fiz compressões no peito dela por 25 minutos. Conseguimos ressuscitá-la, abortamos a cirurgia, e a transferimos para a UTI pediátrica em um respirador. A resposta do seu pai: ‘Ela disse que estava com fome. Eu achei que você estava sendo duro demais com ela. Deve ter sido algo que você fez pra ela’. o_O”
 
“Minha experiência com pacientes favorita foi quando prescrevemos adesivos de estrogênio a uma e dissemos para ela colocar um adesivo a cada dois dias. Na próxima consulta, ela disse que não estava gostando porque ‘estava ficando sem espaço’. Eu não pensei em esclarecer para ela que ela deveria colocar um novo adesivo e remover o antigo a cada dia. Muito divertido. Ela estava de fato coberta em adesivos”
 
“’Não, minha noiva e eu não queremos que nossa filha tome nenhuma vacina, vitamina K, pomada antibiótica para o olho, ou faça teste do pezinho. É tudo veneno. Furá-la com uma agulha é pior do que qualquer ‘resfriado’ que ela tenha sem o veneno’.

Ele então levou sua noiva e filha recém-nascida para a casa em seu carro que absolutamente fedia a maconha e cigarro.” 
 
“Tinha uma senhora com diabetes e seu pé estava necrótico. O médico disse que ela tinha que amputá-lo e ela respondeu, ‘Não, Jesus vai curá-lo para mim’ (ou algo do tipo). O médico olhou para ela e disse, ‘Senhora, há vermes comendo seu pé. Jesus quer que você o ampute.’”

TheMetaPicture / Hypescience

Muitos médicos se enganam quando o assunto é alergia

Um novo estudo sugere que muitos médicos de cuidados primários podem não estão atualizados a respeito das causas e tratamento das alergias
 
Em uma pesquisa com mais de 400 internistas e pediatras dos Estados Unidos, cientistas descobriram que equívocos sobre alergias eram bastante comuns, especialmente quando se tratava de alergias alimentares,
 
Por exemplo, um terço de todos os médicos, metade deles internistas, não sabia qual o tratamento de emergência para uma pessoa com urticária e vômitos depois de comer um alimento alérgeno conhecido – que é, no caso, uma injeção de epinefrina.
 
Havia também falsas crenças sobre algumas das causas e consequências de alergias. A maioria dos internistas – 85% – acreditavam que pessoas com alergia à ovo não podiam receber a vacina contra a gripe. Apenas 27% dos pediatras sabiam que leite e ovos são as causas mais comuns de alergias alimentares em crianças menores de quatro anos.
 
Em vez disso, os pediatras citaram mais frequentemente morangos, que nem sequer fazem parte da lista dos oito alérgenos alimentares mais comuns. “É preocupante que muitos pediatras não estejam atentos aos alérgenos alimentares mais comuns”, disse Neeta Ogden, um porta-voz da Faculdade Americana de Alergia, Asma e Imunologia (FAAAI) que não estava envolvido no estudo.

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A maioria dos médicos também acreditava que era necessário perguntar aos pacientes sobre alergias a moluscos ou iodo antes que eles pudessem fazer uma tomografia computadorizada ou outros testes que usam corantes de contraste com iodo. Isso porque frutos do mar contêm iodo e alguns médicos pensam erroneamente que as pessoas com alergias a frutos do mar correm risco de reações ao contrastante. Pessoas com alergias a marisco não têm um risco maior de reação alérgica aos contrastantes do que a população em geral, de acordo com as orientações práticas sobre alergias a medicamentos da FAAAI.

“O que eu gosto sobre este estudo é que ele aponta para alguns equívocos que seriam muito simples de mudar”, conta Ogden.

As pessoas com alergias devem se preocupar que o seu médico de cuidados primários não possa gerenciar a sua condição? Para Stukus, não é necessário que todos aqueles com alergias nasais corram para um especialista, contudo, se você ou o seu filho tem uma condição mais complicada, como uma alergia alimentar – ou se os seus sintomas alérgicos não são bem controlados – talvez seja o caso de buscar cuidados especializados.

WebMD / Hypescience

Mulher é a única no mundo com uma doença bizarra que faz crescer unha ao invés de pelo por todo o seu corpo

Foto: Shayesom
Imagine ser a única pessoa do mundo a sofrer de uma doença bizarra e debilitante. Esse é o fardo que Shanyna Isom, 32 anos, tem que carregar
 
Desde 2009, ela tem sido vítima de uma misteriosa condição que faz com que unhas cresçam dos seus folículos pilosos por todo o corpo.
 
A doença é tão inconcebivelmente estranha que, mesmo após cinco anos, os médicos ainda não têm ideia do que está errado com ela.

 Shanyna, quando ainda era estudante de direito na Universidade de Memphis, em Tennessee, EUA, sofreu um grave ataque de asma. Ela foi parar na emergência, onde recebeu uma grande dose de esteroides. Logo depois, desenvolveu uma reação alérgica aos esteroides, e sua pele começou a coçar incontrolavelmente.
 
Apesar de ter feito tratamento, a condição só piorou. “Não sabíamos o que era. Crostas negras estavam saindo de sua pele, que começou a ficar dura”, conta a mãe de Shanyna, Kathy Gary.
 
Conforme o estado de saúde de Shanyna decaiu, começou a afetar seus ossos e sua visão. Ela não podia andar sem a ajuda de uma bengala, e perdia de 4 a 6 quilos por semana.
 
Uma série de testes foram realizados, incluindo uma biópsia de medula óssea, mas todos foram inconclusivos. Seu médico em Memphis desistiu completamente de encontrar uma cura.
 
A família não quis chutar os baldes, entretanto. Depois de muita procura e insistência, Shanyna foi aceita para tratamento na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), em 2011.

O começo de uma explicação
Os médicos de lá realizaram mais testes e finalmente descobriam que Shanyna estava produzindo 12 vezes o número de células da pele em cada folículo piloso. Em vez de crescer pelo, os folículos estavam na verdade produzindo unhas humanas.
 
Eles suspeitaram que isso poderia ser a causa de uma deficiência de vitamina, ou então por que sua pele não estava recebendo oxigênio suficiente.
 
O novo plano de tratamento na Universidade Johns Hopkins ajudou a melhorar a condição da mulher, mas não o suficiente para curá-la.
 
Através de um cuidado intensivo, os médicos conseguiram remover os tumores espinhosos dos folículos na sua cabeça, suas pernas não estão mais cobertas de crostas pretas, e seu rosto está melhor, embora pareça que ela tem uma queimadura solar muito ruim.
 
Dificuldades intermináveis
Infelizmente, o tratamento é muito caro e Shanyna já acumulou uma dívida de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,56 mi). Seu plano de saúde não cobre todas as suas despesas e sua mãe perdeu o emprego como recepcionista médica porque precisa cuidar de Shanyna em tempo integral.
 
“É quase como se fosse um pesadelo do qual não dá para acordar”, disse Shanyna. “Nós temos que depender dos familiares, amigos e diferentes apoiadores”.
 
Para ajudar a aliviar seu sofrimento, Shanyna criou a Fundação SAI (em homenagem a suas iniciais) para ajudar as pessoas que também possuem doenças misteriosas. A fundação aceita doações através de vários bancos. Muitos já contribuíram para a causa, mas o dinheiro some rápido em face de todos os tratamentos que ela tem que fazer.
 
Apesar de tudo, Shanyna e sua família continuam esperançosos por um futuro melhor. “Sabemos que Deus é um curandeiro e vai ajudá-la a superar isso”, disse a avó da paciente, Carrie Isom.
 



OddityCentral / Hypescience

Novo anticoncepcional será vendido a um dólar em 69 países pobres

Sayana Press custará um dólar/dose nos 69 países mais  pobres
Mais de 200 milhões de mulheres de países em desenvolvimento não têm acesso a métodos anticonceptivos quando querem
 
Washington - Um novo anticoncepcional estará disponível em breve por um dólar a única dose em 69 dos países mais pobres de África, Ásia e América Latina, anunciaram nesta quinta-feira (13/11) a Fundação Bill e Melinda Gates e o laboratório Pfizer, responsável por sua fabricação.

A decisão visa a ampliar um programa piloto que já foi aplicado em alguns países africanos, onde se distribui aos organismos de ajuda sanitária o Sayana Press, um anticoncepcional de dose única, cuja eficácia dura pelo menos três meses e é aplicado com injeção descartável.

"A realidade é que hoje, 200 milhões de mulheres no mundo querem evitar ou programar a gravidez, mas não têm os meios para fazê-lo", explicou Chris Elias, médico da Fundação. "Com este acordo, podemos garantir que este produto estará disponível nos países mais pobres a um dólar cada dose", acrescentou.

Como eventuais efeitos colaterais, o laboratório Pfizer, que produz o medicamento, menciona, entre outros, a perda de densidade óssea. Mais de 200 milhões de mulheres de países em desenvolvimento não têm acesso a métodos anticonceptivos quando querem.

O Sayana Press já está disponível em Bangladesh, Burkina Faso, Quênia, Níger, Nigéria, Senegal e Uganda, está previsto ampliar o programa para outros países de África, América Latina e Ásia.

Em 2012, a cúpula sobre planejamento familiar, celebrada em Londres, fixou como meta que 120 milhões de mulheres possam ter acesso a anticoncepcionais até 2020, o que representaria um investimento de 4,5 bilhões de dólares em 8 anos.

A Fundação Gates anunciou que neste período investiria US$ 560 milhões. Segundo o último informe da Family Planning 2020, a quantidade de mulheres com acesso a anticoncepcionais nestes 69 países aumentou em 8,4 milhões de pessoas em comparação com 2012.
 
O planejamento familiar - informação, contracepção e saúde - permitiria evitar 100.000 mortes de mulheres ao ano durante e depois do parto. Esta é a principal causa de morte entre as jovens de 15 a 19 anos nos países pobres, segundo a associação Save the Children.
 
Correio Braziliense

Falta de informação sobre o diabetes continua a agravar a doença no país

Dados do Ministério da Saúde revelaram que o percentual de pessoas com diabetes passou de 5,5% em 2006 para 6,9% em 2013
 
A falta de informação sobre o diabetes continua a ser uma agravante da doença no país. É o que médicos alertam no Dia Mundial do Diabetes celebrado ontem (sexta-feira,14/11). O diretor científico da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Vasco Lauria, disse que mesmo com campanhas, internet e outros meios de comunicação, ainda há muitos pacientes que descobrem ter a doença em estágio avançado.

“Evoluímos muito no acesso à informação e à conscientização, mas ainda temos muitos pacientes que chegam pela primeira vez [no consultório] e não sabem da gravidade da doença, muitos sequer sabem que têm a doença. Aparecem com ferida no pé ou uma infecção e aí fica difícil salvar o membro do paciente”, comentou ele.

Lauria lembrou que o controle do diabetes exige disciplina, já que a dieta desregrada e a falta de cuidados diários podem acarretar consequências graves como: gangrena, doença vascular periférica e derrames. O tabagismo e a pouca ingestão de água são alguns maus hábitos que devem ser evitados, ressalta ele.

A professora Rosemary Ribas de Azevedo, 49 anos, convive com a doença há 15 anos. A mudança de hábitos alimentares para ela é um desafio que a acompanha até hoje. “É impossível, é difícil demais viver de dieta, abstinência de tudo. De vez em quando eu furo”, disse ela. “Mas não me tornei dependente da insulina, pois tomo o cuidado de não misturar alimentos, evito produtos industrializados, usar qualquer tipo de sapato, para não machucar os pés”, declarou.

Grávida
A falta de informação também é um problema para muitas grávidas que acabam desenvolvendo diabetes gestacional, afirmou que o ginecologista obstetra do Hospital Universitário Antônio Pedro e do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, Antonio Paulo Stockler. Ele explicou que a doença não costuma apresentar sintomas e pode acabar colocando em risco a vida da mãe e do bebê.
 
“Precisamos ter uma divulgação melhor das doenças que podem surgir durante a gravidez para as mães participarem mais. Se conseguirmos levar essa informação de que é uma doença importante, conseguiremos fazer um diagnóstico mais precoce”, comentou ele.

Stockler lembrou que também há vários casos de mães diabéticas que por não saberem da doença ou das consequências que ela pode trazer ao bebê acabam tendo complicações na gestação. “Uma mulher bem orientada vai procurar atendimento precoce e seguir as orientações dietéticas de forma mais rigorosa.”

De acordo com a Federação Internacional do Diabetes, existem hoje 12 milhões de diabéticos no Brasil e 5 mil novos casos são diagnosticados por ano. Dados do Ministério da Saúde revelaram que o percentual de pessoas com diabetes passou de 5,5% em 2006 para 6,9% em 2013.
 
Correio Braziliense

Abobrinha é o alimento com mais resíduos de agrotóxicos

Pimentão: 91,8% das amostras de pimentão continham
 agrotóxicos
Levantamento foi apresentado pela Anvisa e inclui alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva
 
A abobrinha foi o alimento no qual foram encontrados mais resíduos de agrotóxicos, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (14) no relatório final do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre as amostras de abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva, 25% apresentaram irregularidades.
 
As amostras foram coletadas em 2012 em supermercados e feiras, em todos os estados brasileiros. O levantamento mostra que 1,9% dos alimentos tem uma quantidade de agrotóxico acima do limite, e em 23% foram encontrados resíduos de produtos não autorizados para a cultura do alimento.
 
Entre as 229 amostras de abobrinha, 48% foram consideradas insatisfatórias, 45% por terem ingredientes ativos não autorizados. Segundo a gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Ana Maria Vekic, isso pode acontecer porque existem poucos produtos registrados para o cultivo da abobrinha.
 
Das 240 amostras de alface 45% foram reprovadas, o feijão, das 245, teve 7,3% insatisfatórias, o fubá de milho, das 208 amostras apresentou 2,9% insatisfatórias; no caso do tomate, das 246 amostras, 16% e a uva, das 229, teve 29% com irregularidades.
 
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Apesar dos resultados, a superintendente de toxicologia da Anvisa, Sílvia Cazenave, assegura que os benefícios de consumir alimentos in natura superam os riscos da ingestão de resíduos de agrotóxicos. “A melhor recomendação é que as pessoas devem variar muito o tipo e de alimento que consomem”, recomendou Sílvia.
 
O objetivo da Anvisa é rastrear o alimento e chegar até o produtor para orientá-lo a usar os agrotóxicos da forma adequada.
 
Conheça alguns dos alimentos com maior presença de agrotóxicos:
 
Pimentão: 91,8% das amostras de pimentão continham agrotóxicos
 
Morango: 63,4% das amostras coletadas continham agrotóxicos
 
Pepino: 57,4% das amostras coletadas pela Anvisa continham agrotóxicos
 
Alface: 54,2% das amostras estavam contaminadas
 
Cenoura: 49,6%
 
Abacaxi: 32,8%
 
Beterraba: 32,6%
 
Mamão: 30,4%
 
Tomate: 16,3%
 
Laranja: 12,2%
 
Maçã: 8,9%
 
Arroz: 7,4%
 
Feijão: 6,5%
 
Repolho: 6,3%
 
Manga: 4%
 
Cebola: 3,1%
 
Agência Brasil / iG

Discriminação aumenta em quatro vezes chance de depressão ou ansiedade

Estudo realizado com alunos de universidade brasileira reforça conceito de que discriminação faz mal para a saúde
 
A discriminação tem consequências físicas e psíquicas muito mais duradouras para suas vítimas do que constrangimentos pontuais. Um estudo realizado com estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que aqueles que sofreram discriminação possuem 4,4 vezes mais chance de apresentar sofrimentos psíquicos como ansiedade, depressão ou dificuldade de concentração para atividades cotidianas.
 
No estudo realizado pela estudante de odontologia e bolsista do Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) Maria Vitória Cordeiro de Souza, 1.023 dos 19.963 estudantes matriculados na UFSC responderam a um questionário que perguntava tanto sobre experiência de discriminação quanto transtorno psíquico.
 
“Se fala da discriminação no Brasil como particularmente velada ou ocultada, mas não foi isso o que apareceu no estudo. A discriminação ocorre de um modo explícito. Todas as questões que a gente abordou não eram sutis, elas não geravam dúvidas. Este conceito que temos de uma nação tolerante me parece mais uma fábula”, disse professor de Saúde Pública da universidade e coordenador das pesquisa João Luiz Dornelles Bastos.
 
Entre os que relataram ter sofrido algum evento discriminatório, a prevalência de sofrimento psíquico atingiu cerca de 50%. O estudo da UFSC não limitou a discriminação a uma situação específica. O questionário apontava 18 motivos para ter sido discriminado e também deixava espaço para que o respondente escrevesse o motivo. Entre os alunos que responderam o questionário, a maioria era branca.
 
“O diferencial desta pesquisa é que ela é mais abrangente. A pessoa não sofre discriminação um dia porque é negra, outro porque é pobre e no outro porque é mulher. Essas coisas acontecem simultaneamente”, explica Bastos.
 
Entre os principais motivos de discriminação apontados pelos estudantes da universidade estavam roupa, posição social, local de moradia, cor e raça, idade e comportamentos específicos. Os resultados da pesquisa foram apresentados no Congresso Mundial de Epidemiologia, no Alasca (EUA).
 
Racismo
A discriminação é apontada como um fator de risco para doenças, especialmente as mentais. Estudos mostram que há também agravos em hipertensão, colesterol. “O que vemos é que a discriminação é um determinante na saúde das pessoas. É um causal”, diz Bastos.
 
No caso da discriminação racial, o que se percebe é que ela concentra uma pressão muito grande e em todos os momentos da vida do indivíduo. O psicanalista Marco Antônio Chagas Guimarães, que não participou do estudo da UFSC, destaca que o racismo promove um acúmulo de pressão que não pode ser escoado como ocorre com a população branca. “Esses eventos são diários e 24 horas por dia, seja quando entra no elevador, na escola, no ónibus”, disse.
 
Guimarães afirma que o atendimento de pacientes negros tem mostrado que as repercussões psíquicas de racismo são humilhação, baixa estima, timidez excessiva, irritabilidade, ansiedade intensa, estados fóbicos, hipertensão, depressão, obesidade, agressividade, uso de álcool ou outras drogas.
 
Guimarães afirma que episódios como o ocorrido com o goleiro Aranha, do Santos, que denunciou para o juiz da partida torcedores do Grêmio que o chamavam de macaco, são de extrema importância para o combate ao racismo. “É claro que tem uma raiva, mas ele soube utilizar esta raiva de uma maneira madura. Outra coisa é que ele teve voz. Quantas crianças sofrem racismo desde sempre e não conseguem ter voz para se defender disto”, afirma
 
Racismo institucionalizado no sistema de saúde
De fato, o racismo faz mal a saúde. Seja por conta das consequências físicas e emocionais ou por conta do racismo perpetrados nos usuários do sistema de saúde. “O racismo é estruturante das relações sociais brasileiras e isto aparece nos atendimentos de saúde e de qualquer instituição”, explica.
 
Bastos destaca três estudos importantes realizados nos últimos 15 anos no País que comprovam que pacientes negros tendem a sofrer discriminação no próprio posto de saúde.
 
O primeiro, realizado no Rio de Janeiro pela pesquisadora da Fiocruz Maria do Carmo Leal, em 2011, mostrou que gestantes negras recebiam 50% menos anestesia que gestantes brancas. Outra pesquisa, realizada em Pelotas (RS), mostrou que mulheres negras eram menos submetidas a exames de Papanicolau que brancas. “O exame é importante para a detecção de câncer do colo uterino e deve ser feito com frequência”, disse.
 
Um terceiro estudo, realizado em 2005 por Etenildo Dantas Cabral, da Universidade de Pernambuco (UFPE), com dentistas do Recife, concluiu que os profissionais tenderam a recomendar a extração dentária com maior frequência em pacientes negros.
 
O estudo consistia em mostrar para dentistas os dados de um paciente hipotético com muitas caries e perguntar se eles recomendavam a extração do dente ou o tratamento. Três meses depois, o mesmo caso era mostrado para os dentistas, mas a foto do paciente era alterada para a de um homem negro.
 
O resultado mostrou que 9,4% dos dentistas preferiram extrair o dente do paciente negro. No entanto, nenhum dentista decidiu extrair o dente do branco.
 
“Não existe uma questão biológica para esta diferença. O que os estudos mostram é que ninguém quer ter contato com esta mulher negra, ou que a decisão de extrair ou tratar um dente tem relação com a cor do paciente”, diz Bastos.
 
iG

Entidades questionam eficácia de insulina distribuída pelo SUS e cobram mudança

Insulina que sociedades pedem ao Ministério da Saúde
liberar dá qualidade de vida à crianças e adolescentes
 e evita problemas causados pelo diabetes
Insulina regular atualmente disponível no SUS provoca picos de hipoglicemia, que pode levar até à morte, explicam médicos
 
No Brasil existem cerca de 12 milhões de diabéticos: 10% deles ou 1,2 milhão, têm diabetes tipo 1, conhecida também por infanto-juvenil. O número ainda diminui quando filtra-se apenas crianças e adolescentes de até 19 anos. Talvez metade desse número sejam os insulino-dependentes com até 19 anos.
 
As crianças, no entanto, têm dificuldade de identificar os sintomas de hipoglicemia, enquanto os hormônios dos adolescentes fazem com que tudo fique irregular. E a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) e Federação Nacional do Diabetes (FENAD) lutam, juntas, por meio também de um abaixo-assinado ao Ministério da Saúde (link aqui), para que uma insulina que previne esses problemas seja disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).
 
“Não é uma luta nossa, é uma luta para os pacientes”, explica Karla Melo, coordenadora do Departamento de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes.
 
Para entender melhor, o diabético precisa usar dois tipos de insulina diariamente. A basal, de ação lenta, e outra de ação rápida, que deve ser usada quando a pessoa vai se alimentar. É essa de ação rápida que as sociedades pleiteiam.
 
A razão? Os carboidratos ingeridos por meio da comida se transformam em açúcar dentro de uma ou duas horas, período em que caem no sangue e o “adoçam”. Mas o sangue não pode ficar “doce” e, como os diabéticos não têm um pâncreas que fabrica o hormônio que tira esse açúcar do sangue, é necessário que uma insulina externa faça essa ação.
 
A questão é que essa insulina que será aplicada precisa ser ágil, fazer seu trabalho e se retirar rapidamente, passando a bola para a insulina basal, que é constante. Mas não é bem isso que a insulina regular (que usa-se para tirar o açúcar do sangue depois das refeições), distribuída pelo SUS, faz.
 
Karla explica que a insulina hoje disponível para a saúde pública tem seu pico de ação e dura cerca de seis a oito horas no organismo. A que eles buscam implementar dura no máximo três ou quatro horas. E essa duração menor é ótima, é assim que tem de ser, já que essa insulina deve agir exclusivamente para anular os carboidratos ingeridos nas refeições.
 
“Se uma pessoa janta às 20h, a insulina de ação rápida deve ter seu pico de ação imediatamente e depois deixar que a insulina basal faça o seu trabalho. Se a de ação rápida continuar agindo muito tempo, vai dar hipoglicemia”, explica a médica. Além disso, a insulina disponível hoje no SUS demora para começar a agir, o que obriga o paciente a aplicá-la 45 minutos antes da refeição.
 
Ter de planejar exatamente o que se vai comer com 45 minutos de antecedência não é tão fácil. É preciso calcular quantas colheres de arroz, feijão, macarrão, ou outros alimentos e aplicar a quantidade de insulina capaz de anular tudo o que será ingerido 45 minutos antes de comer. Mas e se algo der errado e o apetite fugir? E se na hora do almoço a vontade de comer mais for irresistível? E se a criança de três anos se recusou a comer a quantidade que a mãe havia planejado para ela? O remédio vai demorar cerca de 45 minutos para começar a agir e, nesse meio tempo, a glicemia estará altíssima, causando os picos de hiperglicemia.
 
E é a partir desse descontrole que acontecem as complicações causadas pelo diabetes, a longo prazo. Muito açúcar no sangue leva a problemas nos rins, na visão, no sistema vascular, além de outros.
 
Já a insulina análoga de ação realmente rápida pleiteada pelas sociedades ligadas ao diabetes começa agir rapidamente, e deve ser aplicada já à mesa, pouco antes de começar a refeição. Ou, no caso dos bebês e crianças, assim que terminar de comer, pois assim sabe-se exatamente a quantidade de remédio será necessária.
 
Segundo os cálculos de gastos das sociedades envolvidas na petição, o governo gastaria R$ 136 milhões no quinto ano da incorporação das novas insulinas. Como haveria uma evolução no número de beneficiários atingidos pelo programa, a tendência é que nos primeiros anos gaste-se menos, chegando, no quinto ano, ao valor máximo de R$ 136 milhões.  “Não estamos pedindo insulina basal análoga agora, que se gastaria mais. Estamos pedindo a de ação rápida”, explica ela.
 
O Ministério da Saúde afirma, em nota, que em 2014 gastou R$ 263,3 milhões com todos os medicamentos para tratamento do diabetes distribuídos gratuitamente.
 
Há três tipos de insulina que eles sugerem que o governo escolha alguma delas e implante: aspart, glulisina, lispro. Todas elas agem da mesma forma. "Colocamos em ordem alfabética porque não temos preferência específica entre elas", diz Karla.
 
Os resultados dos exames de hemoglobina glicada, explica a endocrinologista, considerado o mais importante teste para demonstrar a média da glicemia ao longo de três meses, pode ter interferido nos resultados sobre o controle glicêmico. Naturalmente, se há picos de hiperglicemia e hipoglicemia, a média será normal. Só que, nesses picos de hiperglicemia, os rins, olhos e outros membros são lesados. Nos picos de hipoglicemia, o cérebro não recebe seu alimento – o açúcar – e a pessoa perde os sentidos e pode entrar em coma.
 
Denise Ludovico, endocrinologista da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) explica que o impacto na economia também deve ser pensado a longo prazo. “Diminui-se o gasto com internação e tratamento de pacientes por causa das complicações, que pode ser desde retinopatia diabética até amputação de pés e membros”, defende. “Gasta-se agora para evitar gastar depois”. A qualidade de vida entra em cena.
 
É importante ressaltar, no entanto, que a insulina disponível hoje no SUS salva vidas. Embora haja melhores, muitas vidas dependem dela. Karla questiona que, se já existem outros tipos mais eficazes no mercado – que fornece qualidade de vida aos pacientes – e se o valor cabe no orçamento do governo, não há razão para continuar fornecendo a antiga.
 
Em nota, o Ministério da Saúde informa que as insulinas regular e NPH têm qualidade, segurança e eficácia comprovada, "não havendo nenhum estudo que aponte que as insulinas análogas são melhores ou superiores as já ofertadas, que melhorem a sobrevida dos pacientes ou reduzam complicações. Além disso, por ser um produto mais recente, encontra-se sob vigilância de pós-comercialização, não tendo segurança de longo prazo comprovada".
 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) e Federação Nacional do Diabetes (FENAD) discordam.
 
Em nota no abaixo-assinado, as sociedades e associações se colocam à disposição para auxiliar na análise dos efeitos da incorporação da nova insulina "sobre a saúde e qualidade de vida das pessoas com diabetes, seus aspectos farmacoeconômicos e no desenvolvimento de estratégias para melhorar a saúde de pessoas com diabetes em nosso país".
 

iG