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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Tecnologia reduz o tempo de recuperação em queimados

Foto: Jomar Bellini / G1
Médico simula cirurgia realizada pela primeira vez em Sorocaba
Implante de pele artificial com pressão negativa foi realizado em Sorocaba. É a primeira vez que a operação acontece na cidade pelo SUS
 
Um homem de 30 anos passou por uma cirurgia inédita em Sorocaba (SP). Uma pele artificial foi implantada com o auxílio de um equipamento importado que acelera a recuperação dos pacientes. Esta foi a primeira vez que o procedimento, orçado mais de R$ 50 mil, foi realizado de forma experimental no Centro de Queimados no Conjunto Hospitalar (CHS) e custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é de que a cirurgia possa ser realizada em mais pacientes dentro de um ano, quando o procedimento deve ser padronizado pelo CHS.
 
A cirurgia em Sorocaba foi realizada na terça-feira (14) e o paciente está internado no CHS. Após sofrer uma lesão no pescoço com arame farpado em uma chácara, uma espécie de queimadura por fricção, o homem que mora em Itu (SP) já precisou passar por 17 cirurgias.
 
De acordo com o cirurgião plástico Flávio Stillitano Orgaes, o quadro do paciente foi agravado pelo fato de ele ter quelóide, saliência formada por tecido de cicatrização que é registrado em pessoas com tendência genética. A expectativa é que a nova cirurgia melhore a qualidade de vida dele. "A operação, nestes casos, muda a vida de uma pessoa. Tanto na parte estética, quanto na funcional, porque o paciente tinha, inclusive, dificuldades para movimentar o pescoço".
 
Pele artificial é feita com substâncias retiradas de bois e tubarões (Foto: Jomar Bellini / G1)
Foto: Jomar Bellini / G1: Pele artificial é feita com
substâncias retiradas de bois e tubarões
Segundo o cirurgião plástico, que coordena o Centro de Queimados de Sorocaba, o procedimento reduz de quatro para duas semanas o tempo de internação após a cirurgia. São dois procedimentos. No primeiro, a queimadura é retirada do local e é aplicada a matriz com a pele artificial, que substitui a derme, uma camada intermediária da pele. Cada placa da matriz, que é produzida nos Estados Unidos, varia entre R$ 15 mil e R$ 25 mil.
 
Em seguida, o paciente recebe um curativo, que fica conectado uma máquina que reduz a pressão na área que passou pela cirurgia. “Essa pressão constantemente suga as secreções do curativo, além de sangue e qualquer coisa que possa atrapalhar o sistema”, explica o médico. Ele fica aproximadamente duas semanas internado em observação.
 
O material é trocado a cada quatro dias, num procedimento orçado em R$ 5 mil. A tecnologia é produzida na Inglaterra e chegou ao Brasil há um ano. O material é produzido com colágeno retirado do tendão do boi e de um extrato retirado da cartilagem do tubarão, que formam um produto parecido com a pele humana. "A possibilidade de rejeição é menor por não se tratar de um órgão, mas um conjunto de proteínas que com o tempo é absorvido pelo organismo."
 
Médico mostra aparelho inglês que reduz tempo de internação após cirurgias (Foto: Jomar Bellini / G1)
Foto: Jomar Bellini / G1: Médico mostra aparelho inglês
que reduz tempo de internação após cirurgias
Após isto, o paciente volta para a sala de cirurgia para a aplicação de um enxerto de epiderme, a camada externa da pele. O material é retirado de outro local do corpo, como as coxas, e aplicado na área queimada. “O novo método, associando os dois procedimentos, reduz a quantidade do enxerto de epiderme que seria retirado e aplicado novamente no paciente na cirurgia tradicional e ainda trás uma elasticidade semelhante a de uma pele normal”, compara Orgaes.
 
A tecnologia já pode ser encontrada em capitais na rede particular, mas segundo Orgaes, raramente é custeada pelo SUS. O médico explica que o procedimento completo realizado de forma experimental em Sorocaba deve ser padronizado e estar disponível pela rede pública no CHS em até um ano para toda a região. “Pacientes que talvez tenham sido ou poderão vir a ser vítimas de queimaduras terão a capacidade de melhorar tanto a qualidade estética quanto funcional, como ele está mexendo o braço, o pescoço. Todos poderão ser beneficiados.”

G1

Por que a Gestão de Compras se tornou estratégica para empresas da saúde?

Por Ronie Oliveira Reyes
 
Os recentes sinais de valorização da área de Compras no mercado da saúde não têm surgido por acaso. Ele vem acompanhando um longo processo de profissionalização deste setor da economia, no qual a eficiência operacional, o controle de custos e o aumento do nível de exigência dos clientes deixaram de ser temas opcionais nas mesas de discussão dos líderes de hospitais, clínicas e laboratórios, para ganhar requintes de sobrevivência a todas aquelas instituições que buscam a perenidade de seus negócios.
 
Aliás, só o fato de utilizarmos o termo “negócio” ao nos referirmos a empresas do setor já denota certa ruptura cultural perante uma comunidade que sempre considerou um tabu revelar que instituições de saúde, assim como qualquer outro empreendimento, requerem sustentabilidade em todos os seus espectros, sejam eles assistenciais, ambientais, sociais ou financeiros.
 
Este comodismo ou relutância em compreender que, mais cedo ou mais tarde, chegaríamos a um cenário no qual a pressão por serviços melhores a preços mais baixos seriam componentes triviais nas relações com clientes (leiam-se médicos, operadoras de saúde, órgãos reguladores e pacientes) durante muito tempo impediu que os executivos percebessem importância de se valorizar os canais de saída de recursos das empresas, cujos últimos guardiões sempre foram os compradores.
 
É preciso ainda considerar que o fluxo crescente de receitas e as altas margens obtidas na venda de medicamentos, materiais hospitalares e órteses, próteses e materiais especiais (OPME’s) não contribuíram em nada para que esta percepção urgente e óbvia emergisse na análise dos balanços patrimoniais. Ao menos, até que vários hospitais começaram a “quebrar” com seus prontos socorros e enfermarias cheios de pacientes.
 
O resultado desta miopia trouxe algumas características peculiares à área de Compras no setor saúde, dentre as quais:
 
1) Um perfil honesto (e apenas este perfil) passou a ser a principal característica desejada para um comprador nos processos seletivos. Posso estar errado, mas acho que constatar honestidade, assim como faz a Certificação ONA nível 1 nos hospitais, apenas revela que você está entregando o mínimo esperado para qualquer profissional, em qualquer função;

2) Como o mercado fornecedor convive em um ambiente de concorrência há anos, as empresas vendedoras costumam investir muito na capacitação e reconhecimento de seus representantes comerciais, criando cenários de negociação de acordos extremamente desfavoráveis aos compradores.

Percebam que laboratórios e grandes fabricantes reservam seus finais de anos para grandes convenções de vendas nas quais recebem informações sobre os clientes que atendem, treinamento em técnicas de negociação, dados detalhados sobre os produtos que oferecerão, além de metas bem agressivas que deverão ser cumpridas caso queiram receber comissões. Enquanto isso, do outro lado da mesa, compradores que aprenderam o ofício na prática se veem negociando processos de milhares de reais sem recursos ou apoio técnico suficiente para, pelo menos, “equilibrar o jogo”;

3) Nas instituições de saúde no qual a área de Compras não é totalmente explorada, o profissional da aquisição tende a receber atribuições muito mais administrativas do que estratégicas, sendo cobrado apenas pela disponibilidade de produtos no Almoxarifado e não pelo desenvolvimento de alternativas de abastecimento ou por renegociações que tragam valor real à sua carreira e à empresa que representa. Chamamos estes compradores de “simples tiradores de pedidos”;

4) Em um mercado competitivo, a definição do preço de um produto ou serviço não é determinada por quem vende, mas sim por quem compra (acreditem, inclusive nos hospitais). Assim, as possibilidades de se ampliar resultados financeiros estão muito mais presentes na estratégia do “quanto sobra” do que “no por quanto se vende”. Entretanto, não é incomum encontrar hospitais que prestam mais atenção ao Depto. Comercial do que à área de Compras. Vejam bem, para que não soe como queixa, quero deixar claro que ambos são importantes. Mas pensando bem, agora soando como queixa, quero deixar mais claro ainda: ambos são importantes;

5) Quando uma situação financeira inadequada começa a pesar nas decisões dos líderes da saúde, um mantra martela suas cabeças: reduzir gastos. Você pode encontrar ações bem diferentes e exóticas como reflexo deste pensamento: diminuir o quadro funcional, flexibilizar a qualidade dos produtos, comprar uma coisa e vender outra, reutilizar copos descartáveis, etc. Mas, a mais simples e eficaz é aquela que menos acontece: investir na equipe de Compras.
 
Todas estas peculiaridades, de uma forma ou outra, pecam em não reconhecer em Compras dois aspectos intrínsecos ao departamento: a sua influência no poder de competição de um negócio e sua capacidade em prover soluções amplamente sustentáveis.
 
Perante as dificuldades e exigências impostas pelo moderno mercado da saúde não é um erro afirmar que o futuro pertencerá àquelas instituições que, desde hoje, estão atentas aos movimentos relacionados à administração dos recursos, à eficiência operacional e à satisfação dos clientes.
 
E tais critérios estão tão relacionados à atividade de aquisição corporativa e, por consequência ao sucesso das instituições, que ouso declarar que só é realmente competitivo aquele que comprar bem.
 
Saúde Web

A importância da RDC 59 na segurança do paciente

A Resolução da Diretoria Colegiada nº 59 (RDC 59) é um conjunto de recomendações e regras, criado em 2000, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
 
O objetivo é que os fornecedores de produtos médicos instituam Boas Práticas de Fabricação, melhorando a qualidade em seus processos e controlando mais adequadamente os fatores de risco à saúde.
 
A RDC trata de controle, compra, fabricação, embalagem, rotulagem, assistência técnica e instalação e abrange produtores nacionais e importadores, que devem também criar seus próprios sistemas de qualidade. As empresas certificadas são analisadas por seus processos de armazenamento, distribuição, transporte e rastreabilidade.
 
Aderir à RDC 59 significa promover boa gestão de fluxo de materiais e logística interna, fatores essenciais para otimizar a administração de medicamentos, favorecendo a segurança do paciente, ao evitar a morbidade e mortalidade.
 
Alguns dos processos que podem ser potencializados com um processo logístico são a correta identificação dos produtos e a conferência com os dados do paciente na beira do leito, o que pode diminuir os erros de administração, que chegam a 33% no Brasil.
 
 
Saúde Web

Cientistas australianos conseguem detectar malária com testes respiratórios

Exame de malária. Foto: EFE/Piyal Adhikary
Exame de malária. Foto: EFE/Piyal Adhikary
Esses elementos químicos não podem ser detectados pelo olfato humano, mas através dos instrumentos adequados é possível obter um diagnóstico mais rápido do que com o método habitual, baseado na análise sanguínea, indicou o CSIRO em comunicado
 
Cientistas australianos descobriram que pessoas infectadas com a malária exalam uma maior quantidade de certos elementos químicos, o que pode facilitar o diagnóstico com testes respiratórios, informaram nesta terça-feira fontes oficiais.
 
A agência governamental CSIRO realizou uma pesquisa com voluntários infectados de forma controlada com a malária e detectou maiores níveis de quatro componentes de sulfureto. A quantidade da substância cresce de acordo com a gravidade da doença.
 
Esses elementos químicos não podem ser detectados pelo olfato humano, mas através dos instrumentos adequados é possível obter um diagnóstico mais rápido do que com o método habitual, baseado na análise sanguínea, indicou o CSIRO em comunicado.
 
“O interessante é que o aumento desses elementos apareceu em momentos muito iniciais da infecção, quando outros métodos não teriam encontrado a presença do parasita no corpo do infectado”, disse o chefe da pesquisa, Stephen Trowell.
 
Os cientistas confiam que a descoberta pode permitir o desenvolvimento de um sistema rápido e econômico de diagnóstico para a doença.
 
“Estamos trabalhando com outros colegas para desenvolver um tipo específico, sensível e barato de biossensores que possam ser utilizados em uma clínica ou em ar livre para detectar a malária com testes respiratórios”, acrescentou Trowell.
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 200 milhões de casos de malária foram registrados em 2013. Mais de 500 mil pessoas morreram no mesmo ano em razão da doença.

EFE Saúde

Tecnologia transforma celulares em dispositivos médicos

Tecnologia transforma celulares em dispositivos médicosO ResearchKit, a ferramenta incorporada ao iPhone, da Apple, está disponível desde terça-feira da semana passada para os pesquisadores médicos que quiserem desenvolver aplicativos para diagnósticos ou obter e analisar dados sobre a saúde
 
IBM e Apple anunciaram nesta semana iniciativas que levam o telefone celular a uma nova funcionalidade, a de dispositivo para obter e analisar informação sobre diferentes doenças e ajudar no processo de diagnóstico.

Quando o usuário do telefone der o aval, o ResearchKit pode acessar dados da atividade da pessoa, como movimentos, memória e outros.
 
Além disso, o ResearchKit pode se comunicar com o software de acompanhamento de informação sobre saúde HealthKit, uma ferramenta integrada ao sistema operacional iOS que permite que aplicativos de saúde usem os sensores do iPhone e compilem dados sobre o peso do usuário, a pressão sanguínea, os níveis de glicose e uso de inaladores para asma, entre outros.
 
Os primeiros cinco aplicativos desenvolvidos para funcionar com o ResearchKit identificam asma, câncer de mama, problemas cardiovasculares, diabetes e mal de Parkinson.
 
Segundo a Apple, mais de 60 mil usuários de iPhone deram permissão para a coleta de dados desde o lançamento dos primeiros aplicativos em março.
 
A expectativa é que o acesso ilimitado e aberto permita o desenvolvimento de aplicativos em outras áreas e faça com que esses estudos atraiam o interesse de dezenas de milhares de pessoas.
 
Os dados compartilhados de forma voluntária pelos usuários da Apple também poderão ser conectados a partir desta semana ao supercomputador IBM Watson, capaz de processar informação equivalente a um milhão de livros por segundo e que ficou famoso em 2011, após derrotar os campeões do popular concurso televisivo Jeopardy.
 
“Queremos ser o cérebro analítico por trás do HealthKit e do ResearchKit”, disse em declarações à imprensa o vice-presidente da IBM, John Kelly.
 
A IBM anunciou uma parceria com Apple, Johnson & Johnson e a empresa de equipamentos médicos Medtronic para criar uma nova divisão dedicada à análise de dados relacionados à saúde.
 
A inteligência artificial de IBM Watson analisará enormes bases de dados sobre a saúde com o objetivo de oferecer informações valiosas a hospitais, médicos, seguradoras e pacientes individuais.
 
Especialistas como Daniel Kraft, diretor do departamento de Medicina e Neurociência da Singularity University (Califórnia), acreditam que os celulares serão cada vez mais utilizados como “dispositivos médicos” e permitirão aos pacientes administrar a própria saúde.
 
O médico, empreendedor e inventor afirmou, em entrevista à Agência Efe, que “a tendência mais interessante no campo da saúde é a convergência dos dispositivos portáteis com informação que empodera os pacientes”.
 
Kraft afirmou que dispositivos portáteis já permitem medir o nível de açúcar no sangue, as horas de sono e o ritmo cardíaco.
 
Segundo ele, trata-se de uma tendência ainda incipiente que continuará evoluindo e possibilitará combinar dispositivos portáteis com sensores e análise de dados para transformar o usuário “no dono da própria saúde, no executivo-chefe de sua saúde”.
 
O pesquisador ressaltou ainda que o avanço tecnológico permitirá cada vez mais que os indivíduos se “autoavaliem”, medindo coisas como o número de passos diários, o nível de diabetes e a dieta.
 
Kraft prevê que os médicos do futuro “prescreverão aos pacientes aplicativos” que os ajudem a perder peso, deixar de fumar, controlar seus remédios e medir a pressão sanguínea.
 
EFE Saúde

Anticoncepcional afeta memória, emoções e pode mudar estrutura do cérebro, diz estudo

Desvios de humor e sintomas de depressão foram relatados em pesquisa
 
Esteroides presentes nas pílulas anticoncepcionais mudam a estrutura do cérebro das mulheres e podem prejudicar a memória, emoções e até a tomada de decisões, segundo aponta uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
 
De acordo com informações do site The Independent, o estudo envolveu 90 mulheres, das quais 44 estavam tomando a pílula. O grupo que estava se medicando com o contraceptivo teve duas partes do cérebro afetadas, a de tomada de decisões e do controle das emoções e parte da memória.
 
A descoberta chega décadas após muitas mulheres afirmarem que sofreram com mudanças de humor, perda de atração pelo o parceiro, além de sintomas relacionados à depressão e ansiedade, que são controlados pelo córtex orbitofrontal lateral, responsável pelas emoções.
 
A instabilidade emocional causada pelos hormônios da pílula pode ser um fator para problemas no relacionamento e até eventuais términos. Além da questão emocional, a pílula também tem consequências físicas.
 
Além da questão emocional, a pílula também tem consequências físicas. Nicole Peterson, responsável pelo estudo, afirma que os efeitos colaterais emocionais do remédio podem ser consequência das mudanças na estrutura cerebral de algumas mulheres.
 
— O que o estudo não conseguiu descobrir ainda é se essas mudanças são permanentes no cérebro feminino. Precisamos pesquisar ainda mais para saber quais comportamentos poderiam mudar por causa da pílula.

R7

Estudo revela que bactérias ‘do bem’ ajudam a conservar os alimentos

universo-jatoba-queijo-ecodAumentar o valor nutricional e melhorar a segurança de produtos alimentícios a partir da utilização de compostos produzidos por microrganismos presentes nos próprios alimentos são objetivos de um grupo de pesquisadores no Estado de São Paulo. Para avançar nos resultados de seus estudos, eles contam com a colaboração de colegas argentinos
 
Em São Paulo, o grupo é formado por cientistas do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center, FoRC), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp. Os colaboradores na Argentina integram o Centro de Referencia para Lactobacilos (Cerela).
 
Um dos resultados da pesquisa foi a bem-sucedida utilização de bacteriocinas para aumentar a segurança do queijo minas, um queijo típico brasileiro e muito fácil de ser preparado, como explicou Bernadette Gombossy de Melo Franco, coordenadora do FoRC e professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).
 
“O queijo minas é feito em pequena escala no Brasil e tem muitos casos de contaminação por Listeria monocytogenes. Nosso propósito foi usar bactérias que já estão no leite, selecionando entre elas as que são produtoras de bacteriocinas, isolando-as e colocando-as de volta no leite com a função específica de inibir a multiplicação do patógeno e, com isso, poder produzir o alimento com maior segurança. Conseguimos um efeito semelhante na produção de leite de cabra”, disse Franco, em palestra na Fapesp Week Buenos Aires que integrou o painel “Alimentos Funcionais”.
 
Bacteriocinas
Mas o que são essas bacteriocinas, que têm atraído a atenção de pesquisadores e da indústria de alimentos? “São polipeptídeos sintetizados nos ribossomas de bactérias láticas que exibem atividade bactericida ou bacteriostática, ou seja, ou matam microrganismos ou inibem a sua multiplicação sem matá-los”, explicou Franco, que é pró-reitora de Pós-Graduação da USP.
 
Por sua vez, as bactérias láticas são microrganismos presentes em vários ambientes e que apresentam a propriedade de transformar açúcares (carboidratos) em ácido lático.
 
“Essa propriedade pode ser explorada de várias maneiras tecnológicas para aumentar o valor nutricional ou a segurança do produto alimentar. E elas podem ter muitas outras funções. Em fins terapêuticos, por exemplo, já que podem ser utilizadas como vetores de uma série de genes responsáveis pela produção de compostos importantes do ponto de vista médico, ou químico, devido à grande variedade de compostos que elas podem produzir”, disse Franco.
 
Agentes antimicrobianos
“O grupo das bactérias láticas é muito grande, composto de mais de 200 gêneros de microrganismos diferentes. E são vários os compostos que elas produzem e que podem ter atividade funcional, ou seja, agregar benefícios ao alimento onde estão. Podem ser enzimas, vitaminas, exopolissacarídeos, adoçantes, probióticos e compostos com atividade antimicrobiana”, disse.
 
E é nessa atividade antimicrobiana que está o interesse da pesquisa feita no FoRC e no Cerela. “Esses agentes antimicrobianos, que podem ser usados tanto na área médica como na conservação de alimentos, são também muito variados. Podem ser ácidos orgânicos, diacetil, peróxido de hidrogênio, dióxido de carbono, compostos de baixo peso molecular e, principalmente, as bacteriocinas”, contou Franco, que é membro da Coordenação da Área de Engenharia e da Coordenação Adjunta do Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado de São Paulo da Fapesp.
 
A pesquisadora explica que as bactérias láticas são utilizadas como bioconservantes em alimentos há milênios – cerca de 6 mil anos a.C. –, sem que se soubesse qual era o composto químico responsável pela conservação.
 
“Um exemplo de aplicação prática das bacteriocinas na conservação de alimentos está no controle da bactéria Listeria monocytogenes, um patógeno que causa doenças de gravidade variada, podendo levar até a morte um indivíduo afetado. Trata-se de um microrganismo psicrotrófico, isto é, que se multiplica em ambiente refrigerado, em temperaturas em que são armazenados os alimentos. É resistente ao sal e a desinfetantes e tem a capacidade de aderir à superfície dos equipamentos utilizados pela indústria de alimentos, formando os chamados biofilmes. E sobrevive por longo tempo nesses ambientes”, disse Franco.
 
Nova definição
Franco explica que a definição científica usada desde 1994 para as bacteriocinas afirma que sua atividade é importante apenas contra outras bactérias com as quais elas são geneticamente relacionadas. E aí entra outra contribuição da pesquisa feita no FoRC.
 
“Nós estamos contribuindo com informações e mostrando que essa classificação precisa ser revista. Em um artigo publicado por nosso grupo com nossos parceiros argentinos, mostramos que as bacteriocinas são ativas também contra vírus e contra leveduras”, disse.
 
“Também conseguimos resultados importantes ao encapsular bacteriocinas em nanovesículas de lipídeos, protegendo as bacteriocinas da própria ação da matriz alimentar”, contou Franco.
 
As descobertas salientam a importância de pesquisas sobre as bacteriocinas e outros compostos com atividade funcional. Com tanto potencial de aplicação, o interesse tem sido cada vez maior.
 
“Estudos com bacteriocinas têm crescido muito nos últimos anos, com um grande aumento no número de publicações científicas sobre o tema em todo o mundo, inclusive no Brasil. Mas precisamos de mais estudos para melhorar o conhecimento atual das possíveis aplicações das bacteriocinas para a conservação de alimentos”, disse Franco.
 
“Entretanto, é importante destacar que as bacteriocinas não são uma panaceia que vai resolver o problema da contaminação de alimentos. Elas são uma ferramenta a mais, que podem ser usadas em conjunto com outros métodos de preservação de alimentos. Sua atividade depende, por exemplo, da própria cepa da bactéria, da matriz alimentar onde se encontra e é afetada por fatores ambientais”, disse.
 
Na palestra em Buenos Aires, Franco falou também sobre um projeto conduzido em parceria com pesquisadores da Universidad Tucumán e do Cerela, selecionado em chamada de proposta lançada pela Fapesp em parceria com o Conicet.
 
No projeto, os pesquisadores buscam bactérias láticas produtoras de vitaminas em produtos artesanais na Argentina e no Brasil para a produção de alimentos funcionais, enriquecidos com folatos e riboflavinas.
 
(Por Heitor Shimizu, da Agência Fapesp)

Matéria do site EcoDesenvolvimento / Universo Jatobá

Novo estudo reforça a inexistência de vínculos entre vacinas e autismo

Brian Hoskins/Stockexpert
Estudo científico, divulgado por jornal americano, revela que não existe vínculos entre o autismo e a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola
 
Um novo estudo científico descartou a existência de vínculos entre o autismo e a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR), mesmo entre crianças de alto risco - de acordo com uma pesquisa norte-americana publicada nesta terça-feira.

Os resultados publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA) baseiam-se em um estudo feito com cerca de 95 mil jovens.

Todos aqueles no estudo tinham irmãos mais velhos. Algumas das crianças mais velhas tinham autismo e outras, não.

Já que o autismo pode ocorrer em famílias, os pesquisadores decidiram examinar se as vacinas poderiam tornar autismo ainda mais provável em crianças que tinham irmãos com autismo.

Eles descobriram que as vacinas não tinham influência no risco de se desenvolver autismo, com ou sem um irmão na família diagnosticado com o problema.

"De acordo com estudos em outras populações, não observamos relação entre a vacina MMR e o aumento do risco entre as crianças", explicou o estudo, feito por Anjali Jain, médico em Falls Church, Virgínia.

"Nós também não encontramos nenhuma evidência de que o recebimento de uma ou duas doses da vacina MMR está associado a um risco aumentado de autismo entre as crianças que tinham irmãos mais velhos com o distúrbio", prosseguiu.

O autismo está em ascensão, e afeta uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos, mas suas causas ainda são pouco compreendidas.

Rumores sobre a relação entre vacinas e autismo começaram a se espalhar após a publicação, em 1998, de um artigo de Andrew Wakefield que pretendia encontrar uma ligação entre a vacina MMR e o autismo em 12 crianças.

Mais tarde, o artigo foi considerado fraudulento e foi recolhido pela revista que o publicou. A Grã-Bretanha também retirou a licença médica de Andrew Wakefield.

Mas as preocupações sobre a segurança da vacina, principalmente na era da Internet, têm se mostrado difícil de dominar.

"Apesar de um volume substancial de pesquisas ao longo dos últimos 15 anos não ter encontrado nenhuma relação entre a vacina MMR e o autismo, pais e outras pessoas continuam a fazer essa associação", argumentou o estudo.

"Pesquisas de pais que têm filhos com autismo sugerem que muitos acreditam que a vacina MMR foi um fator contribuinte", concluiu.

As crianças que têm um irmão mais velho com autismo são menos propensas a se vacinar, segundo o estudo.

A taxa de vacinação contra sarampo para as crianças com irmãos não afetados foi de 92 por cento até os cinco anos de idade.

Em contraste, as taxas de vacinação MMR para crianças com irmãos mais velhos com autismo foi de 86 por cento aos cinco anos de idade.

Um editorial acompanhando o artigo escrito por Bryan King, médico da Universidade de Washington e do Hospital Infantil de Seattle, afirma que os dados são claros.

"A única conclusão que se pode tirar do estudo é que não há nenhum sinal que sugira uma relação entre a vacina MMR e o desenvolvimento de autismo em crianças com ou sem um irmão que tem autismo", escreveu King.

"No seu conjunto, algumas dezenas de estudos demonstraram que a idade de manifestação do autismo não difere entre as crianças vacinadas e não vacinadas, assim como a gravidade ou o desenvolvimento do autismo não diferem entre as crianças vacinadas e as não vacinadas e, agora, o risco de recorrência de autismo nas famílias não difere entre as crianças vacinadas e as não vacinadas", prosseguiu.

O Tempo

Erradicar a malária até 2030 custará 93 bilhões de euros

James Gathany/Vector base.org
De acordo com especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), para se erradicar totalmente a malária até 2030 serão necessários um montante de 93 bilhões de euros
 
Especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que serão necessários 93 bilhões de euros para erradicação total da malária até 2030. Entretanto, os fundos anualmente disponíveis são metade disso, de acordo com dados divulgados ontem (21) pela campanha Roll Back Malaria Partnership (RBM).
 
O Dia Mundial da Malária será lembrado em 25 de abril. A RBM, composta, entre outros órgãos, pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertou para os avanços na luta contra a doença, mas também para tudo que ainda precisa ser feito.
 
De acordo com os dados, atualmente existem no mundo 2,3 milhões de pessoas com risco de contrair malária. Estima-se que, em 2013, cerca de 198 milhões de pessoas tenham contraído a doença, das quais 584 mil morreram, 90% delas na África.
 
Desde o ano 2000, a incidência da malária registrou redução de 30% no mundo e 34% na África. Segundo a RBM, os 93 bilhões de euros necessários para eliminar a doença até 2030 permitiriam salvar 12 milhões de vidas e evitariam 3 milhões de casos e uma despesa global de 250 bilhões de euros. Anualmente, a África deixa de ganhar 11 bilhões de euros em produtividade por causa da doença.
 
De acordo com a RBM, em 2013 foram investidos no mundo 2.416 milhões de euros em diversos programas e projetos para combater a doença.
 
Para a RBM, o montante estimado para que toda a população tenha acesso a métodos preventivos e a tratamentos para curar a malária é de 4,7 milhões de euros.
 
O Tempo

Operação do Procon interdita drogaria da Trindade, em Florianópolis, por falta de plantão de farmacêutico

Foto: Secret. Municipal de Defesa do Consumidor/Divulgação
Unidade localizada na rua Lauro Linhares não apresentou
farmacêutico responsável e alvará de funcionamento no
momento da vistoria
Órgão municipal vai vistoriar 500 farmácias até o fim da semana na capital a fim de garantir o plantão de profissionais responsáveis em cada uma delas
 
Na manhã desta segunda-feira, 20, o Procon de Florianópolis deu início a uma operação que pretende garantir a presença de farmacêuticos responsáveis em 500 farmácias da Capital. Conforme a Lei 5.991 de 1973, o plantão desses profissionais é obrigatório em todas as drogarias em tempo integral. Em caso de impedimento ou ausência do titular, as farmácias podem nomear um técnico responsável substituto a fim de evitar o risco à saúde da população atendida.

Até o momento, 30 estabelecimentos foram vistoriados. A operação conta com a supervisão do Secretário Municipal de Defesa do Consumidor, Tiago Silva, e apoio de outros dois fiscais.
 
A unidade da Panvel da Trindade foi a única notificada até a tarde desta segunda-feira por descumprir o que diz o artigo 15 da Lei número 5.991: "A presença do técnico responsável será obrigatória durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento".

Além de não dispor de farmacêutico responsável no momento da vistoria, a farmácia também não possuía o alvará de funcionamento. Segundo o Procon, a unidade tem até quarta-feira, 22, para apresentar a documentação e comprovar a contratação de profissional inscrito no Conselho Regional de Farmácia (CRF). Caso contrário, o estabelecimento está sujeito à multa aplicada sobre o faturamento.

— A unidade da Panvel permanecerá lacrada até a regularização — garante o secretário municipal Tiago Silva.

Procurados pela reportagem, funcionários da Panvel não quiseram comentar o assunto, mas informaram que a gerência da unidade está resolvendo a situação junto ao Procon municipal.
 
Hora de Santa Catarina

Pacientes com câncer têm de tirar olho por falta de equipamento no SUS

Placa tem duração de um ano e não é reposta há dois ano no hospital São Paulo
Divulgação: Placa tem duração de um ano e não é reposta
 há dois ano no hospital São Paulo
Hospital São Paulo, único local do Brasil que faz a cirurgia pelo SUS, ferramenta que custa R$ 70 mil não é reposta há dois anos
 
Um equipamento chamado placa de braqueterapia, que custa R$ 70 mil, pode ser considerado a salvação para pacientes diagnosticados com câncer no olho. O problema é que no Hospital São Paulo, único lugar do Brasil que faz a cirurgia por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), a ferramenta não é reposta há dois anos, obrigando os médicos a retirarem o órgão de pacientes.
 
Importada da Alemanha, a placa funciona por um ano e pode atender até 50 pacientes neste período, segundo o médico Rubens Belfort Neto, chefe do setor de oncologia ocular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), responsável pelo Hospital São Paulo e a Escola Paulista de Medicina. “A gente briga, mas a resposta é que o hospital não tem dinheiro”, explica Belfort Neto.
 
Segundo o médico, nestes dois anos os pacientes que recebem diagnóstico positivo para tumores malignos no olho precisam necessariamente passar pelo trauma estético e psicológico de ficar cego.
 
“Nós resolvíamos o problema do Brasil inteiro porque éramos o único hospital que fazia esse tipo de tratamento pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Agora nenhum Estado faz e estamos tendo de tirar o olho de todo mundo porque o hospital não tem dinheiro”, diz Belfort Neto.
 
O oncologista explica que a placa tem o tamanho de um botão. Costurada ao olho do paciente, ela imite um feixe de radiação especificamente no tumor, evitando lesões no cérebro.
 
“Para evitar a retirada do olho, o único tratamento é com essa placa. Ela é colocada por meio de uma pequena cirurgia. O paciente fica com ela em média dois dias e, quando é retirada, o tumor já está tratado”, afirma Belford. “A placa dura um ano e serve para tratar, em média, um paciente por semana, cerca de 50 por ano”.
 
“Quem não tem dinheiro, fica sem olho”
Na rede particular, o tratamento com a placa de braqueterapia chega a R$ 50 mil, segundo Belfort Neto. “Quem não tem dinheiro, fica sem olho”, sentencia o médico.
 
Enquadrada nesta categoria, a dona de casa Maria da Conceição Aves, de 60 anos, foi obrigada a tirar o olho recentemente.
 
O diagnóstico foi dado em março e já no último dia 6 ela foi submetida à cirurgia chamada de enucleação no Centro de Oncologia Ocular, do Hospital São Paulo. A cirurgia foi considerada um sucesso e Maria já pôde voltar para a casa de familiares, onde se recupera e aguarda a colocação de uma prótese, que deve acontecer já no próximo mês. Voltar a enxergar, no entanto, já não é mais possível.
 
Moradora de Montes Claros, em Minas Gerais, Maria da Conceição disse que começou a sentir dificuldade para enxergar no ano passado. Em maio, foi fazer exame oftalmológico na cidade onde mora e descobriu uma mancha no seu olho. Foi então que começou a sua peregrinação. “As vistas começaram a escurecer um pouco. Eu achei que precisava usar óculos. Comecei a ir atrás de médico, mas não tinha na minha cidade”, lembra. Os médicos pediram biópsia para confirmar o diagnóstico, mas o exame teria de ser feito na capital Belo Horizonte. Em outubro, já não enxergava mais.
 
“Fazia quase um ano que ela tinha descoberto essa mancha, mas não conseguia o tratamento. Os médicos de lá pediram uma biopsia para confirmar o câncer. Mas depois disseram o exame só poderia ser feito em Belo Horizonte. Ela pediu ajuda para prefeitura e eles também não ajudaram. Então a trouxemos para cá”, conta a auxiliar de limpeza Ivonete Pereira das Neves, de 44 anos, sobrinha de Maria da Conceição. Desde então, ela mora em Mauá, no Grande ABC, com a sobrinha e uma irmã.
 
O diagnóstico positivo para o câncer só veio em março deste ano, quando ela se consultou no hospital São Paulo.
 
“Nessa hora, senti um troço por dentro. Só não cai no chão porque já estava sentada. O médico falou que tinha tirar o olho. Eu me conformei depois porque, se não tirasse, a doença iria se espalhar”, diz.
 
“Estava nas mãos de Deus”
Também submetido a cirurgia de enucleação (como é chamada a cirurgia para retirada do olho), o aposentado Antonio Vieira da Silva, de 84 anos, diz que foi fácil aceitar que terá de viver o resto da vida sem um olho. Ele conta que começou a sentir dores no olho no ano passado, tomou remédio e passou. Mas na madrugada do dia 25 de dezembro, quando comemorava o Natal na casa de amigos, sentiu novamente a dor forte no olho, que começou a inchar. Foi levado ao hospital e diagnosticado.
 
“O médico disse que eu tinha tumor no olho e que, se não fizesse a cirurgia, poderia passar para o outro olho e para o cérebro. Respondi que poderia fazer porque era a vontade de Deus. Não tive medo”. A cirurgia foi realizada no dia 28 de março deste ano e no mesmo dia, ele voltou para casa, em Diadema, no Grande ABC.
 
Silva se define como “forte como um leão” e diz vai superar mais essa adversidade – há 12 anos, retirou um tumor na próstata . Silva também não vê a hora de voltar a trabalhar. “Sou forte, trabalho até hoje. Faço pamonha, bolo de milho verde, cocada e cural com minha esposa para ajudar nas contas”, diz. “Vejo bem da outra vista. Estou bem”, afirma. Em duas semanas o aposentado deve receber a prótese ocular.
 
“Teria vergonha de sair na rua com prótese”
A empresária e modelista Anali Müller Dallmann, de 59 anos, se considera uma pessoa abençoada. Ao contrário de Antônio e Maria da Conceição, ela não precisou tirar o olho ao descobri o tumor maligno.
 
O câncer foi diagnosticado em 2002 e, na ocasião, o hospital ainda tinha a placa de braqueterapia para o tratamento. Ela, que mora em Pomerode, em Santa Catarina, disse que veio para São Paulo encaminhada pelo serviço de saúde da capital do Estado, Florianópolis. “Eu sentia uma sombra, como se tivesse uma sujeira no olho, que parecia uma rede de pesca”.
 
“Foi um choque quando descobri. Não é fácil receber a notícia de que tem um tumor maligno”, lembra.
 
Anali foi operada em julho daquele ano e ficou com a placa por cinco dias, período em que ficou internada no hospital São Paulo. A recuperação foi em casa, para onde voltou de avião, custeado pelo SUS.
 
Dona de uma pequena confecção, Anali diz que enxergar bem é essencial para que ela exerça a profissão. “Se tivesse perdido o olho, acho que não teria mais vontade de fazer as minhas coisas.
 
Seria complicado trabalhar também, principalmente no corte, que tem que ser detalhista. Talvez, eu nem tivesse mais a confecção."
 
Além disso, não seria impossível continuar praticando os seus dois principais hobbies: tiro ao alvo e bocha, atividade para qual tem dedicação diária. “A prótese seria motivo para me isolar em casa. Todo mundo saberia que uso prótese e eu teria vergonha de sair na rua e lidar com as pessoas”.
 
Doações de empresas
A reposição da placa de Braquiterapia é um dos motivos pelo qual o médico Rubens Belford inscreveu o projeto Centro de Oncologia Ocular, orçado em R$ 2,1 milhões, no Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica). Criado em 2013 pelo Ministério da Saúde, o Pronon permite que empresas destinem 1% dos impostos sobre os lucros para programas autorizados nessa área. Os empresários escolhem o destino desse valor.
 
O problema é que o médico tem até 30 de abril para conseguir doações que somem ao menos 60% do valor do programa. Até o momento foram doados R$ 650 mil. A meta é chegar a R$ 1,26 milhões.
 
A Unifesp confirmou, por meio da assessoria de imprensa, a necessidade da compra da placa de braquiterapia. “Existe a necessidade de compra das placas de rutênio importadas e cotadas em dólar e também de estrutura cirúrgica e de internação”.
 
A universidade informou ainda que o tratamento com a placa exige quarto individual com banheiro e proteção nas paredes contra radiação. Além de equipes médica e de enfermagem especializada 24 horas por dia.
 
“Provavelmente esses são os motivos pelos quais renomados serviços, ligados ou não às universidades, em todo o Brasil, não disponibilizam deste tratamento, apesar de contarem com equipe capacitada para realiza-lo”, diz a universidade em nota.
 
A assessoria também informou que o setor de Oncologia Oftalmológica cuida de câncer e que apenas uma parte teria indicação para o tratamento por meio da placa. Não informou, no entanto, o número de pessoas que estariam aptas a fazê-lo.
 
iG