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terça-feira, 19 de abril de 2016

Remédio usado para emagrecer pode provocar glaucoma agudo e cegueira

Glaucoma causado pelo topiramato é o mais grave que existe; médicos alertam para perigo do uso de medicamentos off label

Emagrecer, custe o que custar. Muitos pensam dessa forma e acabam prejudicando a saúde, seja com dietas restritivas ou usando medicamentos sem prescrição médica. No entanto, agir dessa forma pode levar a perigos que boa parte da população nem imagina serem possíveis.

Normalmente prescrito para crises epiléticas, o medicamento topiramato é um desses casos. Para especialistas consultados pelo iG, seu uso eleva o risco de desenvolvimento de glaucoma – doença causada pela lesão do nervo óptico, relacionada ao aumento da pressão do olho – e pode causar cegueira nos usuários.

“O topiramato é um remédio muito famoso, mas nenhum medicamento deve ser usado sem prescrição médica, ainda mais off label”, alerta Yuji Abe, do Hospital Oftalmológico de Brasília. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica como off label aqueles medicamentos receitados em situações para as quais não tiveram seu uso aprovado, o que pode caracterizar erro médico.

Os perigos do glaucoma
O glaucoma pode atingir tanto os que usam a medicação para controlar a epilepsia como aqueles que a tomam para tentar perder alguns quilos. A diferença é que o paciente neurológico normalmente é acompanhado de perto por um médico, enquanto outros que tomam o medicamento por conta própria não estão. Assim, embora exista nos dois casos, o risco de desenvolvimento do glaucoma é maior em quem o ingere sem prescrição.

“É um glaucoma secundário ao uso do topiramato. Sabe-se que ele pode, em algumas pessoas, aumentar o cristalino do olho”, explica o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. Desta forma, uma série de reações pode ocorrer dentro do olho, o que aumenta a pressão ocular e causa o glaucoma agudo que pode levar à cegueira. “Surge de repente e dói muito. Causa náuseas, vômito, dor de cabeça terrível e é diferente do glaucoma crônico, que é mais demorado para aparecer", alerta o médico.

Pessoas com hipermetropia que fazem uso do medicamento podem ainda ter mais risco de desenvolver o problema, chamado de glaucoma de ângulo fechado – o mais perigoso. Queiroz Neto adverte para que qualquer pessoa que sinta algum desconforto ou alteração ocular procure um oftalmologista imediatamente.

iG

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