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quarta-feira, 30 de março de 2016

Equipe que cegou pacientes em mutirão não esterilizou instrumentos

Médicos sequer lavaram as mãos ou trocaram aventais cirúrgicos. Mais de 20 pessoas ficaram cegas; Secretaria de SBC divulgou relatório

A equipe médica que realizou um mutirão de catarata em que mais de vinte pessoas ficaram cegas, não esterilizou instrumentos cirúrgicos, aponta o relatório da Secretaria da Saúde de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

O mutirão ocorreu no dia 30 de janeiro deste ano no Hospital de Clínicas Municipal. Segundo o relatório, médicos e enfermeiros do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista não chegaram nem a lavar mãos ou trocaram aventais cirúrgicos.

A sindicância concluiu que dos 27 pacientes que fizeram a cirurgia, 22 tiveram endoftalmite, inflamação causada por uma bactéria que vem de uma única fonte de contaminação. Outros onze pacientes precisaram remover o globo ocular.

Um dos pacientes infectados morreu após a cirurgia. O aposentado Pelegrino Riatto, de 77 anos, teve uma parada cardíaca. Para a família, foi uma consequência da cirurgia nos olhos, já que por causa da infecção ele teve que ficar muito tempo sem tomar um remédio para evitar trombose.

Os primeiros pacientes foram os mais afetados, já que os instrumentos estavam contaminados antes mesmo do início das cirurgias.

Os familiares das vítimas se organizaram para processar o hospital.O grupo pretende entrar com uma ação pedindo indenização por danos morais, materiais e suporta para as famílias, além de medicamentos.

O advogado do Instituto de Oftalmologia, José Luís de Macedo, disse que não teve acesso ao laudo e, sem saber do conteúdo, não pode se manifestar.

O oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Melo, da Universidade Federal Paulista, questiona a realização de cirurgias em larga escala, nos chamados mutirões. “Tem que se questionar a real necessidade de um mutirão de catarata numa cidade, num município desenvolvido encostado em São Paulo”, afirma.

Foto: Reprodução

G1

Resistência a Antibióticos: uma grande ameaça que vai bater na nossa porta


O mundo encontra-se diante de uma grave ameaça na área de Saúde nos próximos anos que pode ser muito maior que as epidemias de Ebola e Zika Vírus juntas as quais nos incomodaram bastante nos últimos anos

Essas epidemias não chegam nem a uma “pequenina cócega” no volume de pessoas que podem morrer no mundo devido a essa nova ameaça que é de aproximadamente 10 milhões de pessoas em 2050 segundo a organização britânica Review on AntiMicrobial Resistance (AMR) [1] (a propósito, o Governo britânico está muito preocupado com esse inimigo e está investindo muito no seu combate.)

Essa ameaça é conhecida como “Resistência a Antibióticos” (em inglês “Antibiotic Resistance” [2]) ou como “Resistência Antimicrobiana” (ou “Antimicrobial Resistance” [3]).

Para enfrentar esse “grande inimigo”, o mundo tem que se unir conclamando diversos “stakeholders” que devem ser capitaneados pelos Governos dos países. Evidente que, os Governos com a maiores economias terão uma maior influência nesse cenário.

Os EUA e o Reino Unido já deram a largada como veremos aqui pois essa ameaça se não for bem endereçada provocará um grande rombo nos orçamentos públicos e privados de saúde. Além de vidas humanas que serão colocadas em risco, ela terá um gigantesco “viés” econômico.

Uma das armas que as Organizações de Saúde têm para enfrentar essa nova ameaça é fazer um melhor planejamento da “administração dos antibióticos” (ou em inglês “antibiotic stewardship” [4]) para os seus pacientes. Conheça também o que o Governo americano está fazendo nessa área através do CDC (“Center for Disease Control and Prevention”) [5]. Os cientistas já estão trabalhando para combater as “superbactérias” [5.a] depois do anúncio da descoberta da “superbactéria” pelos cientistas chineses [5.b].

Desde 1928 quando Alexander Flemming descobriu a penicilina, o primeiro composto químico com poderes de antibiótico [6], esse medicamento juntamente com a vacinação tem revolucionado a medicina do século XX.

Nos 65 anos seguintes, os antibióticos têm curado milhões de pessoas de doenças infecciosas, mas utilização deles de forma indiscriminada e em quantidades gigantescas, com pobres mecanismos de controle, colocou-nos diante de uma nova – e gravíssima – ameaça: as bactérias resistentes aos medicamentos (ou superbactérias).

A consequência disso é que teremos pessoas com resistência aos antibióticos (ou “antibiotic resistance”) [7]. O que isso significa? A resistência aos antibióticos ocorre quando as bactérias mudam para se proteger de um antibiótico. Elas ficam, então, insensíveis a esse antibiótico.

Quando isso acontece, os antibióticos, que anteriormente teriam eliminado as bactérias ou impedido delas se multiplicarem, não funcionarão mais. Isso vai provocar o uso de antibióticos cada vez mais caros para tratar os mesmos pacientes e, levando-se ao extremo, podem causar muitos óbitos. As principais causas do aumento da resistência ao uso indiscriminado de antibióticos podem ser vistas aqui [8].

Atualmente, cerca de 70% dos antibióticos clinicamente importantes nos EUA são dados não para as pessoas, mas para os animais (p. ex., frangos, suínos e bovinos) para estimular o crescimento deles. A proporção global usada na agricultura é difícil de calcular, mas a organização britânica AMR avalia em pelo menos a metade.

Atualmente as evidências científicas já nos mostram uma ligação entre o uso de antibióticos na agricultura e a resistência a infecções nas pessoas e, é evidente que nós estamos a absorvendo riscos inaceitáveis. O uso dos antibióticos para promover o crescimento de animais na agricultura deve ser banido o mais rápido possível [9].

A realidade do uso indiscriminado de antibióticos tem aumentado de forma representativa o custo do tratamento dos pacientes podendo onerar substancialmente as operadoras privadas de saúde e os governos.

E para vermos como esse assunto é sério veja algumas considerações sobre o tema no mundo, a saber:

1 - Quantos americanos serão infectados a cada ano com “superbactérias”, resultando em 23.000 mortes segundo o CDC? [10] Resposta: 2 milhões

2 - Quantas pessoas no mundo são estimadas morrer por “superbactérias” em 2050 segundo a AMR britânica? [11] Resposta: 10 milhões

3 - Quantas infecções complexas provocadas pela bactéria “Clostridium Difficile” existiram nos EUA em 2011, com 15.000 mortes atribuídas a ela segundo o CDC? [12] Resposta: 500.000

Nota: A bactéria “Clostridium Difficile” é uma das maiores ameaças que existem na categoria de resistência a antibióticos segundo o CDC americano [13].

Quantos casos de tubercolose resistente a multidrogas ocorreram em 2013 segundo a Organização Mundial de Saúde? [14] Resposta: 480.000

Esse inimigo não é fácil enfrentar. Entendemos que as principais “armas” a serem utilizadas nessa guerra devem municiar Governos e Prestadores de Serviços de Saúde.

Destacando alguns exemplos de ações temos:

[a] para Governos:

1) maior controle do uso de antibiótico nos alimentos (ver [15] do CDC);

2) um melhor planejamento da “administração dos antibióticos” nos órgãos públicos de saúde (ver [15] do CDC);

3) criações de novos protocolos para a comercialização e controle de antibióticos; 4) conscientização da população e

[b] para Prestadores de Serviços de Saúde:

1) um melhor planejamento da “administração dos antibióticos” nos órgãos privados de saúde (ver [16] do CDC).

De acordo com o FDA dos EUA, as vendas e a distribuição de antibióticos para uso na pecuária anualmente aumentaram entre 2013 e 2014, apesar dos esforços dos reguladores para limitar o uso de tais medicamentos exclusivamente para o tratamento de doenças.

Durante anos, os especialistas em saúde têm alertado para o uso excessivo dos antibióticos existentes à medida que poucos novos antibióticos são desenvolvidos.

Existem em torno de 2 milhões de casos por ano de residentes dos EUA adquirindo infecções que são resistentes aos antibióticos, de acordo com o CDC americano. Isso resulta em 23.000 mortes anuais como vimos acima [17].

No início de 2015, a Casa Branca divulgou um plano de cinco anos para combater a ameaça de bactérias resistentes a antimicrobianos com foco na prevenção e contenção de surtos de infecção resistentes aos medicamentos [18].

Esperamos que a mensagem contida nessa matéria sirva de alguma forma para “alertar” aos gestores de saúde pública e privada no Brasil. Existe um grande trabalho a ser feito. Urge que “arregacemos logo as mangas”.

Referências:





















Saúde Business