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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Desenvolvimento de antibióticos potentes ainda é lento, alerta OMS

Enquanto isso, o número de mortes pela falta desses medicamentos não para de crescer. Só a tuberculose resistente mata 250 mil pessoas por ano

Embora microscópicas e unicelulares, bactérias são extremamente espertas. Seres vivos mais antigos a habitar o planeta, elas aprenderam, na história evolutiva, a contornar as ameaças à sua existência. Graças a essa propriedade de mutação genética, as espécies patógenas adquiriram resistência aos antibióticos. E se elas foram rápidas na ação - afinal, a penicilina foi descoberta há menos de 90 anos -, a ciência não está acompanhando esse ritmo. Em relatório divulgado em setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a pesquisa de novos medicamentos está atrasada, ao mesmo tempo em que o número de óbitos provocados por doenças transmitidas por bacilos e outros micróbios perigosos continua em alta.

O documento Antibacterial agents in clinical development - An analysis of the antibacterial clinical development pipeline, including Mycobacterium tuberculosis (Agentes antibacterianos em desenvolvimento clínico — Uma análise do desenvolvimento clínico em andamento, incluindo Mycobacterium tuberculosis) aponta que apenas a tuberculose resistente a antibióticos mata 250 mil pessoas por ano. Ao mesmo tempo, de 51 drogas e combinações de medicamentos dessa classe em testes para tratamento de patógenos resistentes prioritários, somente oito são considerados pela OMS como verdadeiramente inovadores, com “potencial de adicionar valor ao arsenal atual”.

“A resistência antimicrobiana é uma emergência de saúde global que vai comprometer seriamente o progresso da medicina moderna”, avaliou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em um comunicado. “Há uma necessidade urgente de mais investimento em pesquisa para infecções resistentes a antibióticos, incluindo tuberculose, ou, de outra forma, seremos forçados a voltar a um tempo em que as pessoas temiam infecções comuns e arriscavam suas vidas durante pequenas cirurgias”, alertou.

O infectologista do Hospital Santa Lúcia Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecção do Grupo Santa, lembra que as duas últimas grandes novidades em antibióticos de largo espectro e para combate a bactérias gram-negativas ocorreram, respectivamente, em 1994 e 1998. Há dois anos, uma combinação de drogas preexistentes se mostrou eficaz para a temida KPC (Klebsiella pneumoniae Carbapenemase), popularmente chamada de superbactéria. Esse regime ainda não foi aprovado no Brasil.

Júnior explica que um conjunto de fatores contribui para que as bactérias alterem seus genes de forma a se tornar resistentes aos medicamentos. Os dois principais são o mau uso e o uso abusivo dessa classe de remédios. “Há até pouco tempo, tomava-se antibiótico para tudo: gripe, resfriado, qualquer doença viral”, recorda. “E as pessoas têm essa mania de parar de tratar quando se sentem bem clinicamente. Não pode interromper o tratamento em um primeiro momento, é preciso um uso racional e coerente”, diz.

Mau uso
A coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Ana Gales, explica que, mesmo quando há indicação para o antibiótico, é essencial saber com qual bactéria se está lidando. “Quando falamos em uso adequado, estamos falando daquele feito de acordo com o resultado do antibiograma, que é o teste realizado em laboratório para saber se a bactéria é sensível ao antibiótico ou não”, diz. “Com isso estabelecido, a dose correta deve ser prescrita pelo período apropriado de tempo.”

No Brasil, desde 2010, os antibióticos só podem ser comprados com receita médica. Essa é uma medida considerada fundamental pela OMS, para reduzir os riscos de resistência. Contudo, alguns países ainda vendem essas drogas sem necessidade de prescrição. Pesquisa do Escritório Regional da OMS na Europa de 2014 revelou que, em 19 países do continente, era possível comprar alguns antibióticos sem receita; em cinco, a venda pela internet, sem indicação médica, era comum; e em 12, os cidadãos adquiriam facilmente as drogas em clínicas veterinárias e no mercado negro.

O infectologista Werciley Júnior destaca que, além do mau uso e do exagero na utilização dos antibióticos, a aplicação desse tipo de medicamento na pecuária tem grande parcela de culpa no problema das bactérias resistentes. “Quem mais consome antibiótico no mundo são os animais”, lembra. Estudo recente divulgado na revista Lancet Infectious Diseases revelou que na China, por exemplo, a emergência de uma ampla variedade da bactéria E.coli super-resistente a medicamentos está diretamente associada à aplicação de antibióticos na criação suína. “A chave para frear o crescimento das bactérias resistentes é evitar o uso de antibióticos não só em humanos, mas na criação de animais, de desinfetantes e de metais pesados que têm ação antimicrobiana e podem favorecer a resistência bacteriana”, reforça Ana Gales, da SBI.

Prioridades
No relatório divulgado ontem, a OMS listou 12 classes de patógenos prioritários, além do bacilo de Koch, causadores de infecções comuns, como pneumonia e infecção urinária, que estão se tornando extremamente resistentes e, por isso, precisam de novos agentes de combate. Entre eles estão os micro-organismos gram-negativos, incluindo a Acinetobacter e a Enterobacteriaceae.

A OMS alerta que há pouca pesquisa para formulação tanto de antibióticos utilizados em hospitais quanto para os medicamentos orais. “As companhias farmacêuticas e os pesquisadores devem se focar, urgentemente, em novos antibióticos contra certos tipos de infecções extremamente sérias, que podem matar os pacientes em questão de dias, porque não temos linha de defesa contra eles”, alerta Suzanne Hill, diretora do Departamento de Medicamentos Essenciais da OMS.

De acordo com o infectologista Werciley Júnior, a resistência a antibióticos é justamente uma das causas de haver pouca novidade na área. “Para produzir um novo antibiótico, a indústria leva cerca de 10 anos e quatro etapas de pesquisa, a um custo que pode chegar a US$ 8 bilhões. Aí a bactéria rapidamente se torna resistente a ele, e o remédio deixa de ser lucrativo”, explica.

Ministério vai contestar na Justiça decisão que restringe funções de enfermeiros no SUS

Segundo a pasta, a decisão impacta o funcionamento das unidades básicas de saúde e pode levar a uma redução do acesso aos serviços

O Ministério da Saúde vai encaminhar à Advocacia Geral da União subsídios para contestação na Justiça da decisão que restringe as atribuições dos enfermeiros no SUS. Num documento divulgado quarta-feira, 11, a pasta afirma que a decisão limitando as atividades dos profissionais, concedida há duas semanas numa ação movida pelo Conselho Federal de Medicina, impacta o funcionamento das unidades básicas de saúde e pode levar a uma redução do acesso aos serviços.

A declaração foi feita no mesmo dia em que o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) divulgaram uma nota pedindo pressa para que a União recorra da decisão judicial. No comunicado, entidades alertam para os prejuízos que a restrição pode provocar para a saúde da população. Os impactos já começariam a ser sentidos agora, durante a campanha Outubro Rosa, que faz a detecção do câncer de mama.

A decisão da 20ª Vara Federal do Distrito Federal suspende a possibilidade de enfermeiros solicitarem exames no SUS. A atividade há anos é executada na atenção básica por esses profissionais e é apontada como essencial em alguns programas, como o de Doenças Sexualmente Transmissíveis, o de diabetes e de hipertensão.

“Estamos muito preocupados”, resumiu o presidente do Conasems, Mauro Junqueira. A diretora técnica do Centro de Referência e Treinamento de Aids do Estado de São Paulo, Maria Clara Gianna, conta que ao longo desta semana a coordenação recebeu inúmeros telefonemas de cidades do Estado, com dúvidas sobre como proceder a partir de agora.

“É impossível pensar no combate à atual epidemia de sífilis sem a participação direta de enfermeiros, auxiliando sobretudo com os exames, com testes rápidos”, disse Maria Clara. A diretora observou ainda que as atribuições da classe profissional no atendimento de DSTs, existem há anos. “Isso consta de protocolos, fruto de discussões, de treinamentos. Todos ganham com o trabalho feito em equipe. Enfermeiros auxiliando nos exames, no aconselhamento, são essenciais”, completou a diretora.

O Conselho Federal de Enfermagem apresentou semana passada à Justiça um pedido de reconsideração da medida liminar. O presidente do Cofen, Manoel Neri, afirmou que a análise do pedido somente será feita depois de o Conselho Federal de Medicina se manifestar sobre o tema. “Caso o juiz mantenha a decisão, vamos recorrer no Tribunal Regional Federal”, observou.

Conass e Conasems argumentam também que as atribuições atuais dos enfermeiros têm respaldo legal. ” São ações de extrema relevância para o Sistema Único de Saúde e sua paralisação causará graves prejuízos à saúde da população”. A ação que limita a atuação dos enfermeiros foi interposta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), sob o argumento de que essas tarefas são atribuições exclusivas do médico. Para o Cofen, com a liminar enfermeiros ficariam impedidos de solicitar exames. A atribuição de renovar receitas médicas está mantida.

Estadão

O fim da picada para o diabetes

O glicosímetro FreeStyle Libre, da Abbott, acaba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em crianças e adolescentes na faixa dos quatro aos 17 anos que sofrem de diabetes

O produto está disponível no site https://www.freestylelibre.com.br/index.html pelo valor de R$ 239,90 (leitor) e R$ 239,90 (cada sensor). O site também está com uma promoção do kit inicial, contendo um leitor mais dois sensores por R$ 599,70 (um desconto de R$ 120,00).

“Essa geração viverá com a mensuração da glicose via líquido intersticial, em vez do sangue após o diagnóstico do diabetes”, diz Sandro Rodrigues, Country Manager da Divisão de Cuidados para Diabetes da Abbott no Brasil. Isso significa o fim da picada diária no dedo.

“Além disso, ao fornecer informações tangíveis sobre como a alimentação e o estilo de vida influenciam na gestão da glicose, o FreeStyle Libre está contribuindo para formar adultos cada vez mais conscientes sobre a importância de ampliar os cuidados com a saúde para minimizar os riscos da doença”, completa.

O glicosímetro possui um sensor que é aplicado de forma indolor na parte traseira superior do braço da criança. “Para fazer o monitoramento, o paciente, seus pais ou responsáveis precisam apenas passar o leitor sobre a superfície do sensor e a medida da glicose aparece na tela do aparelho”, explica o gerente. Cada sensor pode permanecer no braço por até 14 dias consecutivos, sem que seja necessário trocá-lo.

CFF publica nota técnica sobre manipulação de antineoplásicos

A manipulação de medicamentos antineoplásicos é ato privativo intransferível e indelegável do farmacêutico. Esse é o parecer emitido pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) por meio de nota técnica sobre o tema (leia aqui)

Objetivando alinhar conceitos e entendimentos acerca deste tema com os Conselhos Regionais de Farmácia (CRFs), O CFF enfatiza na nota que nenhum outro profissional de saúde, quer seja ele de nível superior ou de nível médio, pode realizar esse ato, nem mesmo sob a supervisão do farmacêutico.

A nota técnica reitera e detalha o que já está previsto na Resolução nº 623, de 29 de abril de 2016 (para baixar, clique aqui). A norma “dá nova redação ao artigo 1º da Resolução/CFF nº 565/12, estabelecendo titulação mínima para a atuação do farmacêutico na oncologia”. O artigo 1º da Resolução/CFF nº 623/16, alterado pela Resolução/CFF nº 640/17, estabeleceu que como sendo atribuição privativa do farmacêutico o preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos que possam causar risco ocupacional ao manipulador (teratogenicidade, carcinogenicidade e/ou mutagenicidade) nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados.

“Ao publicar a resolução, o CFF considerou a importância e a necessidade, nos estabelecimentos de saúde, de se estabelecer rotinas e procedimentos e de se assegurar condições adequadas de formulação, preparo, armazenagem, conservação, transporte, dispensação e utilização de antineoplásicos”, comenta o coordenador do Grupo de Trabalho sobre Farmácia Hospitalar e conselheiro federal pelo estado do Rio Grande do Sul, Josué Schostack.

“Além disto, buscou garantir o gerenciamento correto dos resíduos oriundos da manipulação desses medicamentos, em prol da segurança do farmacêutico, do paciente, da equipe multidisciplinar e do meio ambiente”, completa o conselheiro.

CFF